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Em sua mente doentia, egoísta e egocêntrica, ela não percebia que as pessoas simplesmente a ouviam e... mais nada. Nenhuma se<br />

dignava a transmitir de boca a ouvido para as outras, as maledicências de Jeanne e as que chegavam a comentar alguma coisa com<br />

Tomás, mostravam claramente que não davam o menor valor às barbaridades que a mulher andava espalhando pela sociedade paulistana.<br />

Por sua vez, Tomás ria...<br />

Ele estava seguro, tinha a Lei a escorar suas intenções e sabia que, mais cedo ou mais tarde, Jeanne seria obrigada a ceder.<br />

— Ela não tem direito nenhum — disse — Talvez, se brigar muito, possa conseguir uma partilha baseada na lei que protege a<br />

concubina. Mas, quanto a qualquer outra coisa... Isso não! Ela não pode me obrigar a nada! E, no acordo que eu estou propondo, ela<br />

ficará com muito mais do que vai lhe dar qualquer juiz numa contenda judicial!<br />

Com o passar das semanas, Jeanne acabou por se exasperar com o que estava acontecendo.<br />

Não havia, mesmo jeito de se livrar dos advogados de Tomás e um outro causídico que acabara tendo de consultar, explicara-lhe<br />

muito claramente quais eram os seus direitos e quais eram as suas possibilidades.<br />

— Assine o acordo — aconselhou — Será mais lucrativo e, com toda a certeza, será mais rápido.<br />

Mostrando para Jeanne a minuta do contrato que lera, minuta esta que os advogados de Tomás tinham deixado em sua casa logo na<br />

primeira vez que lá estiveram, ele completou:<br />

— Veja que Tomás não está tirando nada do que você já conseguiu e que está em seu nome. Somente as quotas da empresa e, ainda<br />

assim, está pagando bem caro por elas!<br />

Com um sorriso, disse, em tom confidencial:<br />

— Você não terá todas essas vantagens na eventualidade de precisar chegar ao Juiz...<br />

********<br />

Depois da consulta a esse advogado, Jeanne ficou ainda mais furiosa.<br />

Não é possível! — exclamou, ao chegar em casa — Não é possível que eu não consiga encontrar um jeito!<br />

Lembrou-se, então do livro de Magia Negra.<br />

— Mas é isso! — exclamou — Como eu não pensei nisso antes?!<br />

Mais uma vez, ela foi buscar o velho livro no fundo do armário e, trancada em seu quarto para evitar que Serafina aparecesse para<br />

bisbilhotar, começou a consultá-lo.<br />

Irritou-se em menos de cinco minutos.<br />

Jeanne não conseguia se concentrar na leitura e, o pior, era não conseguir ler parágrafo nenhum que não fosse de conjuração do<br />

Demônio.<br />

— Satã não está me deixando fazer o que quero — pensou, cheia de raiva — Ele está querendo que eu o chame...<br />

Balançou negativamente a cabeça e disse, em voz alta:<br />

— Pois não vou satisfazê-lo, desta vez! Não o chamarei! Resolverei este meu problema sozinha pois tenho certeza de ter tanto poder<br />

quanto ele!<br />

Nesse momento, Jeanne escutou um trovão. E imediatamente, um cheiro horrível de enxofre queimado invadiu o quarto.<br />

Ela dissera aquilo em voz alta!<br />

Cometera o erro de falar, ao invés de pensar!<br />

E o Príncipe das Trevas a escutara...<br />

*******<br />

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