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Uma a uma, as pessoas que ali estavam esperando para falar com a francesa, foram indo embora.<br />
Jeanne sorriu e não pode deixar de pensar que o ser humano é de fato muito engraçado... Todos querem saber o futuro, todos<br />
querem saber o que o Destino está-lhes reservando. Porém, no momento em que descobrem, que isso pode de fato acontecer, preferem<br />
ficar na ignorância, sem saber de coisa nenhuma, sem ter de conviver com o conhecimento de fatos desagradáveis que lhes serão<br />
impossíveis modificar.<br />
Jeanne conseguiu a paz que estava desejando.<br />
Hilda ainda telefonou mais algumas vezes tentando fazê-la atender algumas amigas mas Jeanne perguntou se ela queria que as<br />
amigas soubessem de coisas desagradáveis e trágicas.<br />
— Coisas como por exemplo o nome da amante de seus maridos... — disse Jeanne.<br />
Ora... Uma das amantes em questão não era outra senão a própria Hilda...<br />
Assim, ela acabou desistindo.<br />
E Jeanne pode se dedicar a esperar a chegada de Tomás já sabendo que ele viria ansioso, carente de amor e disposto a simplesmente<br />
arrebentá-la com a sua paixão.<br />
108<br />
*******<br />
Tomás chegou, finalmente, depois de uma ausência que pareceu um século para Jeanne.<br />
Na verdade, ela não estava sentindo falta de Tomás como homem, como companheiro ou, que fosse, como o pagador de suas contas.<br />
Ela tivera o Mestre como amante por diversas vezes, não ficara sozinha em nenhum instante — tivera até de tomar providências para<br />
que não ficasse com companhia demais — e quanto a dinheiro, Tomás, antes de partir para o Rio de Janeiro, deixara com ela uma gorda<br />
importância e isso sem contar que ela poderia à<br />
hora que bem quisesse, lançar mão das contas bancárias que tinha em seu próprio nome, devidamente sustentadas pelo marido.<br />
Porém, Jeanne sentiu a ausência de Tomás.<br />
Havia alguma coisa, uma sensação estranha que deixava a mulher ansiosa e um pouco angustiada. Parecia que lhe faltara um pedaço<br />
durante aquelas semanas que Tomás não estivera ao seu lado.<br />
Depois que ele voltou para casa, quando os dois estavam sozinhos na sala, ele contando a respeito dos negócios que realizara na<br />
capital e ela falando a respeito das últimas novidades na sociedade paulistana, Jeanne comentou com Tomás a respeito dessa sensação<br />
de falta que a aborrecera durante a sua ausência.<br />
Com uma expressão sarcástica, ela murmurou:<br />
— Não imaginava que pudesse amá-lo tanto...<br />
Beijou-o, mostrando-lhe que estava disposta a matar essas saudades de uma maneira muito especial e Tomás, sério, replicou:<br />
— Não é amor, Jeanne. Você apenas sentiu falta de seu escravo...<br />
Assim dizendo, Tomás levantou do sofá e saiu da sala.<br />
Jeanne ficou olhando para ele, atônita.<br />
Sentira em sua aura algo de diferente, notara que o interesse que Tomás sempre tivera por ela estava um pouco modificado...<br />
Um pouco?!<br />
Não!<br />
Estava muito modificado pois ele apenas a beijara, até rapidamente demais e, mesmo que Jeanne tivesse posto esse desinteresse na<br />
conta do cansaço da viagem do Rio de Janeiro até<br />
São Paulo, ainda assim era estranho.