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Acariciou os cabelos muito vermelhos da moça e disse:<br />

— Mas hoje, as coisas serão diferentes, querida... Muito diferentes!<br />

Percebendo que Jeanne ficava subitamente rija em seus braços, Jacob sorriu, sussurrando em seu ouvido:<br />

— Mas não se preocupe... Sei que esta será a sua primeira vez e sei que é preciso ir devagar... Saberei ser paciente e delicado,<br />

querida...<br />

Beijou-a e arrematou:<br />

— No mínimo, preciso tomar cuidado com o meu investimento, não é verdade?<br />

Jeanne fechou os olhos enquanto as mãos de Jacob percorriam seu corpo provocando-lhe um delicioso arrepio.<br />

Sim...<br />

Tudo indicava que ela tivera sorte. Muita sorte, na realidade... Já ouvira muitas histórias de outras moças que tinham esbarrado, na<br />

sua primeira noite de amor, com homens rudes, verdadeiras cavalgaduras, egoístas a ponto de não pensarem um só instante que<br />

aquilo, o amor carnal, é um ato para ser praticado a dois e que a satisfação só existe quando ambos os parceiros conseguem sentir<br />

prazer...<br />

Viu Jacob se levantar, avaliando-o com frieza.<br />

Não poderia dizer que ele era um homem bonito. Aliás, bem ao contrário, Jacob estava muito longe de ser ao menos parecido com os<br />

príncipes encantados que povoavam seus sonhos de adolescente.<br />

De mais a mais, ele era judeu...<br />

Não que Jeanne tivesse alguma coisa contra os judeus. Isso, de maneira nenhuma! Jeanne não via qualquer diferença numa pessoa<br />

simplesmente por causa de sua religião, cor ou raça. Ela apenas sabia que os judeus não eram queridos, sabia que eles estavam sendo<br />

vítimas de perseguições e isso sim, a incomodava<br />

Mas...<br />

Jacob era um homem.<br />

Um homem com os bolsos cheios de dinheiro e que poderia muito bem protegê-la, pelo menos evitar que ela tivesse de ir para um<br />

bordel onde, com certeza, não teria a menor possibilidade de ser feliz. Jacob a sustentaria, faria com que ela não tivesse de levar o<br />

mesmo tipo de vida de sua mãe, obrigada a se deitar cada noite com um homem diferente e isso, quando não era com vários, para<br />

poder ter o dinheiro para a sobrevivência.<br />

Sim...<br />

Ela faria de tudo para conservar aquele homem. Faria de tudo para aprender até mesmo a amá-lo e a desejá-lo...<br />

— Você não terá queixas de mim, Jacob — disse ela, ajudando-o a se vestir — Verá que sou perfeitamente capaz de ser a esposa<br />

ideal, aquela companheira com quem você sempre sonhou, mesmo sem o saber...<br />

*******<br />

Jacob saiu de casa perto de dez horas da manhã, preocupado com o fato de estar tão atrasado e, por isso, mal teve tempo de<br />

conversar com Jeanne.<br />

Não me espere para o almoço — disse ele ao se despedir — Mas em compensação, teremos muito tempo à noite...<br />

Jeanne beijou-o delicadamente, desejou-lhe um bom dia de trabalho e ficou vendo o homem, o seu homem, se afastar em passos<br />

apressados rumo a St. Germain.<br />

Uma vez sozinha, ela resolveu assumir, em definitivo a posição de dona-de-casa, atividade em que ela estava bem treinada já que<br />

Judith, sua mãe, dificilmente acordava antes de meio-dia e seu pai jamais se propusera a ajudar em alguma coisa no serviço doméstico.<br />

Olhou ao redor de si.<br />

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