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Tomás viu o semáforo da Rua Figueiredo de Magalhães ficar verde e, a cinquenta metros da esquina, acelerou um pouco para passar<br />
depressa pelo cruzamento.<br />
Foi tudo rápido demais...<br />
Quando ele se deu conta, o táxi já estava em cima dele, a mais de cem quilômetros por hora, desrespeitando o sinal vermelho.<br />
A pancada foi formidável...<br />
O automóvel de Tomás, atingido na altura da porta do motorista, foi arremessado contra o poste de iluminação do outro lado da rua,<br />
bateu, rodopiou e tombou.<br />
O táxi, transformado num monte de ferros retorcidos, incendiou-se, consumindo-se rapidamente.<br />
Os populares acorreram, tiraram de dentro do automóvel tombado o corpo inerte de Tomás, tiraram Sylvia ainda respirando e, do<br />
banco de trás, saiu ilesa, sem nenhum aranhão, a assustada Simone.<br />
A moça não precisou de mais do que cinco segundos para compreender o que tinha acontecido.<br />
Viu seu pai, a cabeça pendendo para o lado num feio ângulo em relação ao pescoço, evidentemente já morto.<br />
Viu sua mãe...<br />
Inclinou-se sobre ela, em prantos, ciente de que nada mais seria possível fazer...<br />
E então, enquanto se abraçava a seu pescoço, pedindo-lhe desesperada para que não a deixasse, ouviu-a murmurar:<br />
— Mãe Antônia... Você... precisa... Mãe Antônia...<br />
E, com um estremecimento, Sylvia morreu...<br />
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CAPÍTULO 26<br />
Jeanne ficou furiosa.<br />
Quando ela se deu conta que a fuga do terceiro rato simplesmente significava que Simone também tinha conseguido escapar, ela não<br />
cabia mais em si de tanta raiva.<br />
Voltou para casa controlando-se para não correr demais com o automóvel e, assim, acabar ela própria indo parar no hospital por<br />
causa de um acidente.<br />
Mal entrou no apartamento, teve de se controlar outra vez pois a sua vontade era de quebrar tudo, a começar por aquele espelho que<br />
fazia tanta questão de lhe mostrar que, para ela<br />
também, o tempo tinha sido inexorável e implacável.<br />
Porém, ela sabia muito bem quanto custava um espelho como aquele... Não em dinheiro, pois o dinheiro, quando se tratava de gastálo<br />
para satisfazer seus caprichos e suas vontades, não tinha qualquer importância. Aquele espelho custava era muito trabalho para<br />
conseguir um igual, feito em cristal bisoté, a moldura cuidadosamente elaborada por um artesão chamado Schultz e que já parara de<br />
trabalhar com pátina havia muitos anos.<br />
— Mas por quê?! — perguntou ela, em voz alta — Por que será que não deu certo?<br />
E, cheia de raiva, lembrou-se que, sozinha, sem pai e sem mãe, na realidade, Simone representava um transtorno muito maior.<br />
Ela era a herdeira.<br />
Teria os advogados de Tomás às suas costas para defendê-la e para fazer valer cada centavo de seus direitos.<br />
— Só serviu para atrapalhar ainda mais... — ouviu Jeanne.