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— Tomás lhes deu um endereço e pediu que o levassem para lá. Era a casa de uma antiga funcionária de sua empresa. Uma certa<br />

Sylvia... Ela pareceu um pouco assustada quando viu que era Tomás que estava sendo carregado para o interior da sala mas recebeuo<br />

com naturalidade, como se ela soubesse que o lugar dele sempre fora ali.<br />

Jeanne fez uma careta e Marly, desta vez, conseguiu esconder o sorriso.<br />

— Foi Sidney que notou — disse ela — Sobre a mesa de canto havia um porta-retratos... Nele, uma fotografia. Era de Tomás,<br />

abraçado a essa Sylvia e a uma mocinha. Uma mocinha extremamente parecida com ele e muito bonita...<br />

Os lábios de Jeanne ficaram ainda mais finos do que o habitual e seus olhos despediram chamas de ódio. Com voz esganiçada, ela<br />

perguntou:<br />

— E porque não me contou antes?<br />

— Porque só ontem à noite é que Sidney falou sobre isso. Ele e os outros dois tinham calado. Acho que alguma combinação entre eles,<br />

alguma coisa com relação ao imbecil conceito de lealdade que impera entre os maridos prevaricadores... — disse Marly.<br />

E, com um sorriso em que transparecia um brilho de vitória, completou:<br />

— O que mostra que todos os homens são absolutamente iguais, nenhum presta e nenhum se salva!<br />

Jeanne refletiu por alguns instantes e, ignorando o último comentário da amiga, falou:<br />

— Você está querendo me dizer que a mocinha da fotografia é filha de Tomás com essa tal de Sylvia, é isso?<br />

— Pelo menos — murmurou Marly — é o que tudo indica.<br />

As duas ficaram em silêncio por um breve instante e Marly disse, depois de acender um cigarro:<br />

— Se não fosse assim, a troco de que Tomás haveria de pedir para ser levado para lá? E o que estaria fazendo ele abraçado com uma<br />

moça que é a cara dele, numa fotografia?<br />

Soprando uma baforada de fumaça para a frente, sem nem mesmo se incomodar com o fato de que a fumaça estava indo diretamente<br />

para o rosto de Jeanne, Marly finalizou:<br />

— Só não vê quem não quer enxergar. Seu marido tem uma vida dupla, Jeanne. E na outra família, ao contrário do que acontece aqui,<br />

há pelo menos uma filha!<br />

Jeanne ficou em silêncio, olhando com raiva para as pontas de seus sapatos.<br />

Ela não estava chocada com o fato de Tomás ter outra mulher. Isso não a incomodava nem um pouco pois, afinal de contas, em<br />

matéria de vida conjugal, ela estava ciente de que a deles deixava muito a desejar.<br />

O que a enfurecia era a existência dessa mocinha...<br />

Isso sim, atrapalhava muito.<br />

Significava que Tomás tinha uma herdeira...<br />

E uma herdeira de que ela, Jeanne, não conseguiria se livrar utilizando apenas seus métodos de persuasão ou, ainda, algum truque<br />

jurídico que a pusesse em vantagem frente à filha de seu marido.<br />

— O que pretende fazer? — perguntou Marly.<br />

Jeanne ergueu os olhos para a amiga.<br />

— Por enquanto, nada — respondeu, mostrando que era dona de um auto-controle de fazer inveja a qualquer monge budista.<br />

Marly franziu as sobrancelhas.<br />

Estava a ponto de dizer que quando essa tragédia acontecera com ela, Jeanne fizera questão que Marly assumisse uma posição, e ela<br />

achava injusto que a francesa não fizesse a mesma coisa...<br />

— Mas como? — perguntou — Como, não vai fazer nada por enquanto?! Será que não entendeu? Tomás tem uma outra família, tem<br />

filhos e o pior é que ele está lá! Provavelmente não vai voltar!<br />

Jeanne sacudiu os ombros e respondeu:<br />

— Isso nem me interessa. Não estou preocupada com Tomás... Se ele tem uma outra família e se sente melhor lá, pode ficar e eu até<br />

acho que é muito bom...<br />

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