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— Está bem — disse o Príncipe das Trevas — Vou ajudá-la. Mas, para começar, eu devo, lhe dizer que o que você mais quer agora, ou<br />
seja, poder sentir prazer com um homem, jamais vai acontecer. Você só sentirá prazer comigo... E eu só lhe darei prazer quando eu<br />
quiser.<br />
Olhou para Jeanne e seus olhos pareceram atravessar sua alma quando ele falou:<br />
— Sua situação vai se resolver... Mas antes... é preciso que você me dê a alma de um padre...<br />
Assim dizendo, ele riu outra vez e, fazendo um gesto com as mãos, foi envolto por uma labareda fulgurante antes de desaparecer.<br />
Jeanne voltou para seu apartamento cambaleando como se tivesse bebido um litro de aguardente.<br />
Por alguns momentos, tentou se convencer de que tinha tido uma visão, de que tudo não passara de uma ilusão, de uma brincadeira<br />
de mau gosto que sua mente lhe tinha pregado por causa de todos os aborrecimentos do dia.<br />
Porém, ela sentia o anel de ferro em seu dedo, a aliança do pacto com o Demônio e, parecia-lhe que ele estava mais quente, parecialhe<br />
que o anel estava apertando um pouco seu dedo como que a lembrá-la de que tudo tinha sido real e que ela deveria seguir à risca<br />
o que Satã lhe dissera.<br />
Olhou ao seu redor, os móveis que tinha comprado, os objetos, o apartamento de que tanto se orgulhava...<br />
Teve medo de perder aquela comodidade, de não mais poder usufruir de todo aquele conforto.<br />
Apavorou-se com a idéia de que talvez fosse obrigada a mudar para um lugar mais pobre e, com certeza, acabaria tendo de cair na<br />
baixa prostituição para poder sobreviver.<br />
Não! — exclamou — Não vou sofrer essa humilhação! Se tudo o que ele quer é a alma de um padre, amanhã mesmo ele a terá!<br />
CAPÍTULO 13<br />
Jeanne acordou, na manhã seguinte cheia de disposição, apesar de ter dormido mal, pois perdera uma boa parte da noite tentando<br />
encontrar em sua memória o padre mais adequado para lhe roubar a alma...<br />
A resposta lhe veio pela manhã, naquele momento mágico que precede o despertar, quando ainda se está imerso no mundo dos<br />
sonhos mas ao mesmo tempo se começa a tomar consciência da realidade.<br />
Jeanne ergueu a cabeça do travesseiro e disse, com um sorriso de satisfação:<br />
— Padre Rafael! Ele é o mais indicado!<br />
Sem perda de tempo, levantou-se, tomou um bom banho e, quando estava se enxugando, a campainha da porta soou.<br />
Intrigada, pois não era nem um pouco habitual ser incomodada no período da manhã, ela foi atender.<br />
Ficou surpresa ao ver Serafina, a empregada que se despedira na véspera.<br />
Se a senhora ainda me aceitar... — falou ela, com humildade.<br />
Jeanne, por um instante, pensou em dizer que não, que já tinha arrumado outra. Achara o cúmulo da deslealdade Serafina ir embora<br />
só por que a situação financeira da casa balançara. Porém, ela sabia que não era das tarefas mais fáceis encontrar uma moça de<br />
confiança para ficar em seu apartamento e, além do mais, Serafina já conhecia a casa, já sabia de suas manias e...<br />
Era discreta...<br />
Isso era muito importante pois muitas e muitas vezes, Jeanne recebia... visitas... durante a tarde. Visitas que não poderiam ser<br />
identificadas, que não poderiam correr o risco de serem<br />
denunciadas por uma empregada que as tivesse visto e reconhecido na hora de servir o café.<br />
Está certo — falou a mulher — Pode ficar.