Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Sentiu aumentar o tremor que já o vinha acometendo, sentiu algo semelhante a um fogo subindo de suas entranhas e querendo<br />
explodir de dentro de seu corpo.<br />
Agarrou Jeanne, acariciou seus seios e, alucinado, completamente fora de si, tentou livrá-la do restante das roupas.<br />
Mas Jeanne fugiu.<br />
Com um repelão, afastou-se do padre e, com um sorriso maldoso, disse:<br />
— Não, meu amigo... Não por uma bengala de pão e uma bola de queijo...<br />
Padre Rafael compreendeu o que ela estava querendo dizer.<br />
Envergonhado, revoltado contra si mesmo, ele respirou fundo e, em passos apressados, dirigiu-se para a porta.<br />
Talvez quisesse dizer uma porção de coisas para aquela mulher, talvez até a esbofeteasse mas...<br />
A culpa era muito mais dele mesmo...<br />
Sabia que a provocara, que usara muitas e muitas vezes palavras de duplo sentido quando se dirigira a Jeanne.<br />
Era o seu jeito, o que poderia fazer?!<br />
Ali estava o resultado...<br />
Com certeza, aquela mulher pensara que ele, como pároco, tivesse acesso ao dinheiro da igreja...<br />
Padre Rafael segurou a maçaneta da porta, tentou em vão abri-la... Estava trancada e Jeanne, segurando a chave, falou:<br />
— Pode ir, padre... Mas sei que vai para sua cama pensando no que aconteceu... Pensando no que perdeu...<br />
*******<br />
Seria pouco mais de uma hora da madrugada e padre Rafael ainda não tinha ido para a cama.<br />
Chegara à casa paroquial, ajoelhara-se para rezar, para pedir perdão a Deus por ter sucumbido à tentação mas nem mesmo isso<br />
conseguiu fazer. Seus pensamentos não se afastavam daquela imagem, não lograva tirar da mente a lembrança do contato de seus<br />
lábios com aqueles mamilos túrgidos, com aqueles seios palpitantes, frementes de desejo, prometendo um prazer indizível...<br />
Um prazer que ele pensava já ter esquecido mas que, de repente, ressurgia em sua memória e em seu corpo tão vívido, tão concreto.<br />
Levantou-se, como um autômato, caminhou até sua escrivaninha e apanhou de uma das gavetas o envelope onde guardava o<br />
dinheiro da paróquia.<br />
Segurando com as duas mãos o envelope, atravessou o Largo de Santa Cecília e entrou no prédio de Jeanne.<br />
Da janela da sala, ela presenciou a cena e sorriu.<br />
Mais uma vez, Satã tinha vencido. O padre caíra na armadilha e Jeanne apenas se surpreendia com a facilidade com que isso<br />
acontecera.<br />
Abriu a porta para recebê-lo vestida num negligé tão leve que era quase transparente, deixando entrever suas curvas, mostrando<br />
toda a sua sensualidade...<br />
— Eu sabia que você iria voltar, Rafael — falou ela, beijando-o — Sabia que não deixaria uma mulher a ver navios...<br />
— Eu a quero — falou o padre — Eu a quero como jamais quis qualquer outra coisa em minha vida...<br />
Jeanne apanhou o envelope e guardou-o numa gaveta de sua mesa de cabeceira, trancando-a em seguida.<br />
Depois, puxando o padre para a cama, ela disse:<br />
— Vamos... Tire essa batina... Acho que não fica bem estar usando roupas para o que vamos fazer agora... E, ainda mais quando são<br />
roupas clericais, não acha?<br />
*******<br />
77