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— Nada disso! — exclamou Figueira — É exatamente isso que ela quer pois sabe que poderá dobrá-la, Simone! Você não vai<br />

conversar com Jeanne e, se por acaso resolver fazê-lo, fique sabendo que nós dois pediremos demissão!<br />

Bueno olhou intrigado para o companheiro. Ele também não concordava nem um pouco com a idéia de Simone ir conversar com<br />

Jeanne mas, daí a pôr as coisas nesses termos, o<br />

passo era muito longo.<br />

Mais tarde, depois que já tinham deixado o escritório de Simone, Bueno perguntou para Figueira por que dissera aquilo.<br />

— Não sei — respondeu ele com sinceridade — Alguma coisa me disse, naquele momento, que não poderia permitir que Simone fosse<br />

ao encontro de Jeanne. Não sei por que eu cheguei a ameaçá-la com a nossa demissão...<br />

Sorriu, meio sem graça e arrematou:<br />

— Mesmo porque eu jamais deixaria Simone... E você?<br />

Bueno assentiu com um aceno de cabeça.<br />

— Você está certo... Nós fomos os únicos a saber de toda a sua história. Nós a vimos crescer. Não teria o menor cabimento deixá-la,<br />

não é mesmo? Seria algo assim como estarmos abandonando uma filha...!<br />

150<br />

*******<br />

Enquanto o processo caminhava na Justiça com a lentidão que caracteriza todos os procedimentos legais, Jeanne não deixara um só<br />

momento de pensar, tramar e arquitetar um plano para cumprir a sua parte no pacto com Satã.<br />

Ela perdera, em primeira instância, a tutela das quotas da empresa e, com isso, não conseguira mais ter nenhuma voz ativa quer na<br />

Diretoria, quer no Conselho Executivo. Com isso, ela se vira alijada de uma importante fatia de sua projeção social e isso a mortificava<br />

imensamente.<br />

— A culpa é de Simone — dizia ela para si mesma, cheia de ódio — A culpa é dela e de mais ninguém!<br />

É mais do que sabido que não há melhor fermento para o ódio do que a inveja e não há nada que a faça aumentar mais do que ver<br />

o alvo dessa inveja progredir, crescer e florescer.<br />

Era exatamente isso que estava acontecendo.<br />

Jeanne via Simone subir vertiginosamente, via seu nome aparecer com extraordinária frequência não apenas nas colunas sociais<br />

mas, principalmente, nas notícias sobre grandes negócios. Via quase todos os dias comentaristas econômicos se referirem a ela com<br />

respeito e admiração e não foram poucas as vezes em que Simone fora citada como um exemplo vivo da nova geração que começava<br />

a tomar em mãos as rédeas da economia e do<br />

desenvolvimento do país.<br />

E isso a punha furiosa.<br />

Simone representava tudo quanto ela gostaria de ser e que jamais o conseguiria.<br />

Era jovem, bela, desejada por todos, amada, requisitada em todas as festas e reuniões... Simone tinha o futuro pela frente, um<br />

futuro brilhante e feliz.<br />

Já, para ela...<br />

Jeanne olhava com desespero para o espelho e via que a cada semana, mais e mais rugas apareciam em seu rosto, mais cabelos<br />

brancos despontavam e, o que era ainda pior, ela notava que suas curvas, seu corpo, começava a se transformar. Já não tinha mais a<br />

mesma cintura, uma barriga proeminente deformava-lhe o perfil e os seios...<br />

Ah, os seios!<br />

Aqueles seios grandes e firmes de que Jeanne tanto se orgulhara, estavam ficando flácidos, pendentes...<br />

Seios de uma velha...

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