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Jorge se deixou cair sobre uma poltrona e disse, a voz apagada:<br />

— Madrinha... Afilhada de uma macumbeira...<br />

E, com um sorriso forçado, comentou:<br />

— Meu Deus... Onde eu estou me metendo...<br />

Ia abrindo a boca para falar mais alguma coisa mas, parou.<br />

Ficou imóvel, os olhos esbugalhados, a boca semi-aberta, os cabelos quase de pé...<br />

Em seus ouvidos, uma voz feminina, muito suave e muito semelhante à de Simone, disse:<br />

— Se você quiser minha filha como sua esposa, terá de correr. Ajude-a a encontrar Mãe Antônia. E depressa... Não há tempo a<br />

perder!<br />

A voz se calou e Jorge, muito pálido, perguntou, baixinho:<br />

— Você ouviu? Você ouviu o que ela me disse?<br />

Simone balançou afirmativamente a cabeça e murmurou:<br />

— Sim. E fico contente. Mostra que não é uma loucura só minha!<br />

Já refeito, novamente senhor de suas reações, Jorge disse:<br />

— Não. Isso não é loucura. É algo muito sério e nós temos de fazer o que ela pediu.<br />

De um salto, apanhou e telefone e começou a desmarcar um a um os compromissos do dia.<br />

— Vai ficar esquisito — disse ele para Simone, ao terminar — Mas é mais importante encontrar Mãe Antônia do que qualquer outra<br />

coisa! Principalmente porque tive a sensação de que a nossa felicidade futura depende disso... E depende totalmente!<br />

Simone não discutiu.<br />

Estava achando tudo aquilo um bocado assustador mas, o interessante era notar que a ansiedade que vinha sentido, desaparecera.<br />

Parecia que, no momento em que ela e Jorge tinham tomado a decisão de encontrar Mãe Antônia, tudo passara a fluir melhor, com mais<br />

calma e naturalidade.<br />

160<br />

CAPÍTULO 30<br />

Jeanne não quis ficar no Copacabana Palace, preferindo um outro hotel na Avenida Atlântica de maneira a não levantar suspeitas de Simone.<br />

Ela queria agir de maneira a sensibilizar a moça, dizendo que tinha ido ao Rio de Janeiro unicamente para vê-la e que estava voltando<br />

no mesmo dia para São Paulo. Sua idéia era a de fazer com que Simone a convidasse para ficar no mesmo hotel.<br />

— Será a melhor maneira de mantê-la sob minha aura — disse Jeanne para si mesma, ao entrar no quarto.<br />

Estava cansada.<br />

Aquele processo de envelhecimento a que a submetia Satã, deixava-a praticamente esgotada aos menores movimentos e, depois de<br />

uma viagem cansativa, depois de caminhar todo o saguão do Santos Dumont tentando acompanhar o carregador com as suas malas,<br />

Jeanne estava exausta. Como se não bastasse, havia as dores reumáticas que, talvez por causa do avião, tinham piorado muito,<br />

fazendo com que ela tivesse até medo de se mexer.<br />

Deixou a mala sem nem mesmo abri-la e deitou-se ao comprido sobre a cama para repousar um pouco e, mais tarde, já mais<br />

disposta, ir atrás de Simone.

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