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CAPÍTULO 25<br />

As palavras do Príncipe das Trevas impressionaram Jeanne.<br />

Impressionaram-na e serviram para alimentar a sua paranóia, a sua certeza de que, na realidade, teria até mais poderes do que o<br />

próprio Demônio.<br />

Se Satã não tinha condições de atingir Simone, ela haveria de consegui-lo. Afinal, tinha sido ele mesmo quem dissera que ela deveria<br />

trazer Simone para perto de sua aura. Isso só poderia significar que ela, Jeanne, era mais forte, que Satã precisava da força emanada<br />

por sua aura para poder fazer qualquer coisa contra a filha de Tomás e de Sylvia.<br />

Voltou a folhear o livro e constatou que ali, entre as páginas amarelecidas pelo tempo e já quase desfeitas por causa da umidade e<br />

de excesso de manuseio, havia muitos encantamentos que poderiam, no mínimo, serem tentados.<br />

— Simone precisa morrer — pensou Jeanne — Não quero que ela apenas tenha de enfrentar situações difíceis. Ela precisa morrer,<br />

bem como seus pais. Tenho de ficar sozinha com tudo e, para que isso possa acontecer, não pode haver ninguém interessado na herança<br />

de Tomás a não ser eu mesma!<br />

Riu e acrescentou:<br />

— Sem Tomás para lutar na Justiça pelas quotas da empresa, sem Sylvia e sem Simone para reivindicarem uma parte da herança, eu<br />

poderei ficar com absolutamente tudo e, então...<br />

Jeanne poderia se perguntar o que ela faria com tanto dinheiro...<br />

Porém, esse tipo de questão não se impunha à sua mente pois para ela, o que importava era possuir. Ter, ser dona, ser a proprietária...<br />

Era isso que ela queria, era para isso que vivia.<br />

Durante todos aqueles anos, Jeanne só se preocupara com a posse das coisas e, evidentemente, também das pessoas. Era a dona e<br />

senhora de uma porção de suas amigas e conhecidas, era a proprietária da última palavra, a dona de todas as decisões.<br />

Parou um instante, olhou sua imagem refletida no espelho da sala e disse, com um tom de profunda revolta e frustração em sua voz:<br />

— Era... Depois que Tomás se libertou, parece que isso não está acontecendo mais...<br />

E era verdade.<br />

Depois que a sociedade tomara conhecimento da separação do casal, o conceito de Jeanne perante a maioria das pessoas, desmoronara<br />

a olhos vistos. Ela já não era mais tão considerada assim e os convites para encontros e reuniões começavam a escassear, o que era o<br />

melhor termômetro e a mais precisa medida da queda do prestígio de alguém.<br />

Jeanne estava começando a ficar sem prestígio, estava pouco a pouco sendo empurrada para o seu verdadeiro lugar na sociedade:<br />

o de uma intrusa, uma penetra muito pouco desejada.<br />

Era terrível ter de reconhecer esse novo estado de coisas...<br />

Jeanne estava sendo relegada a um plano secundário e ela não conseguia admitir isso, não podia em hipótese alguma tolerar que<br />

uma situação dessas se estabilizasse, se definisse.<br />

Não era preciso ser um expoente intelectual para saber que noventa por cento do prestígio de que ela desfrutara até aquela data<br />

passaria para Sylvia assim que a situação de Tomás na<br />

empresa voltasse a se regularizar. A partir daí, então, a primeira dama seria Sylvia e a princesa, Simone.<br />

— Não! — exclamou Jeanne folheando o livro, escolhendo o encantamento que faria — Isso não vai acontecer! Não posso permitir que<br />

uma qualquer me passe para trás!<br />

E, com um acento de desespero na voz, completou:<br />

— Se as coisas continuarem assim, não vai ser difícil que eu tenha de ir pedir favores para Sylvia!<br />

Ergueu o rosto para o espelho, fixou seu próprio olhar e disse, em tom determinado:<br />

— Os três vão morrer... Eles têm de morrer e, então, voltarei a ser a dona de tudo... Os outros virão beijar meus pés!<br />

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