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O que, é claro, não a impediu de conjurar Satã — afinal, se Tomás não tinha a menor necessidade de mulher, ela tinha necessidade<br />

de seu Mestre — para lhe perguntar, antes do prazer, por que razão o marido estava se comportando daquela maneira.<br />

— Você ainda não precisa saber, Jeanne — disse o Príncipe das Trevas — Mas fique tranquila... Minha mão está por trás de tudo e<br />

Tomás não conseguirá se libertar de você até o seu último instante de vida.<br />

Essa informação tranqüilizou Jeanne. Se Satã estava dizendo que as coisas seriam assim, então não havia o que temer. E se ele<br />

dissera que não precisaria saber de nada por enquanto, nesse caso, para que o desgaste de uma discussão em busca de explicações que<br />

muito provavelmente seriam mentirosas?<br />

O melhor a fazer era deixar passar o tempo, procurar aproveitar o mais possível o dinheiro de Tomás e, todas as vezes que pudesse,<br />

fazê-lo comprar alguma coisa de valor para ela de<br />

maneira a ir formando um patrimônio particular pois...<br />

— Nunca se sabe... — pensava — Satã pode estar enganado... Pelo que li, ele não é infalível e pode perfeitamente, errar em suas<br />

predições!<br />

*******<br />

Para Sylvia, a vida parecia sorrir.<br />

Simone crescia bem, cheia de saúde e de energia, esperta, alegre e inteligente.<br />

Seu relacionamento com Tomás era excelente e, quando Sylvia a via nos braços do pai, tinha certeza de que ali havia amor e,<br />

principalmente, identidade. Muitas vezes, Tomás dissera que, por ele, viria de imediato morar com elas mas...<br />

Havia empecilhos muito sérios...<br />

Sylvia sorria e falava que não daria certo, explicava que ela não tinha sido feita para um homem como ele e que o melhor era deixar<br />

as coisas como elas estavam.<br />

E, assim dizendo, ela se lembrava das palavras de Mãe Antônia quando voltara ao Rio de Janeiro para agradecer à Mãe-de-Santo e<br />

aos Orixás todas as graças recebidas.<br />

— Não queira esse homem como marido — dissera Mãe Antônia — Fique satisfeita com o fato de ele ter assumido sua filha.<br />

— Mas por que? — indagara Sylvia que, durante a viagem, alimentara a esperança de voltar a ter Tomás dentro de casa, como seu<br />

homem, seu marido e pai de sua filha, formando eles três uma família normalmente constituída.<br />

— Há muita maldade ao redor dele, minha filha — respondera a preta — E se ele estiver definitivamente em sua casa, o perigo que<br />

o cerca poderá recair sobre você s duas! Simone ainda é pequena demais para se defender e, assim, cabe a você evitar que ela seja<br />

mais ameaçada do que já está sendo!<br />

E, com voz preocupada, acrescentara:<br />

— Há um Exu muito perto de Simone... Um Exu muito poderoso e que eu não conseguirei mandá-lo embora. Esse trabalho não pode<br />

ser feito, pelo menos, não pode ser feito agora. O máximo a fazer é defender e proteger Simone, minha filha. E isso será mais fácil se<br />

Tomás não estiver morando com vocês. Caso contrário, apesar de tudo parecer muito bom, as duas estarão correndo um grande perigo!<br />

Durante semanas, já de volta a São Paulo e começando a trabalhar para Tomás, Sylvia pensou nas palavras de Mãe Antônia. Chegou<br />

a pensar que ela estivesse enganada pois não<br />

conseguia enxergar de que maneira pudesse haver maldade ao redor de Tomás.<br />

Era um homem boníssimo, bom patrão, excelente negociante... Parecia que onde quer que ele pusesse as mãos, o dinheiro brotaria,<br />

farto, abundante...<br />

E, no entanto, Mãe Antônia jamais se enganara...<br />

*******<br />

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