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— Não, padre... Não estou preocupada com o meu futuro espiritual. Não tenho como me preocupar com ele. Mas, em compensação,<br />
materialmente, as coisas não andam nem um pouco bem para mim. E isso, no presente, no momento atual. Imagine como vai ficar no<br />
futuro, a minha vida, sem ninguém para me ajudar, sem ter uma só pessoa para me apoiar! Sem ter um ombro onde encostar a minha<br />
fronte em momentos de aflição como os que tenho passado nas últimas horas!<br />
Torcendo as mãos nervosamente, ela disse:<br />
— O senhor sabe que o Banco de Crédito e Comércio fechou... Meu dinheiro estava lá e, agora...<br />
Suspirou doloridamente e concluiu:<br />
— Fiquei sem dinheiro, padre... Completamente sem dinheiro! Não sei, simplesmente, se terei como comer amanhã...<br />
Padre Rafael balançou a cabeça para a frente e para trás, mostrando que compreendia a situação de Jeanne. Depois de refletir alguns<br />
momentos, ele murmurou:<br />
— De qualquer maneira, não acredito que você morra de fome... Aliás, pode ter certeza que sempre encontrará alguma coisa na<br />
sacristia em que eu estiver!<br />
Jeanne inclinou-se para o padre, encostando a cabeça em seu ombro, aproximando-se mais dele de maneira a fazê-lo sentir suas<br />
formas, especialmente o contorno de seus seios.<br />
Notou instantaneamente que o sacerdote se contraía e, insistindo na proximidade, ela falou:<br />
— Eu sempre soube disso, padre... E não me preocupo por causa de um prato de comida, de um dinheirinho para pagar a conta de<br />
luz ou até mesmo para ajudar a pagar o aluguel... Sempre soube que poderia contar com o senhor num momento assim.<br />
Afastou-se um pouco e, olhando de frente para o sacerdote, seu rosto ainda bem perto do dele, Jeanne murmurou:<br />
— Há outras coisas que uma mulher de minha posição precisa ter para não se considerar a mais infeliz pessoa do mundo... Coisas<br />
como roupas íntimas finas, coisas como perfumes...<br />
Virou um pouco de lado, mostrando o pescoço perfeito para o padre enquanto dizia:<br />
— Perfumes como este que estou usando... Sinta como é agradável, como é inebriante...<br />
O padre hesitou. Ele estava começando a tremer, estava vermelho como um pimentão e em sua testa começavam a aparecer gotas<br />
de suor.<br />
Nervoso, serviu-se de mais um cálice de vinho, tomou-o de um só gole e voltou a enchê-lo, com um suspiro que, para Jeanne,<br />
pareceu mais ser um gemido.<br />
Impiedosa, ela continuou:<br />
— Pena que esses perfumes custem tão caro, padre. E pena que eu não possa mais comprar minhas roupas de baixo como vinha<br />
fazendo até hoje...<br />
Antes que o padre pudesse reagir, pudesse protestar ou simplesmente se levantar para ir embora, ela abriu a blusa, mostrando-lhe<br />
o sutiã, enquanto dizia:<br />
— Veja, padre... Não é bonito? Não é uma pena que eu não possa mais comprar outros assim?<br />
O pobre sacerdote estava petrificado.<br />
Não sabia se fechava os olhos ou se os mantinha abertos, não sabia sequer se conseguiria juntar forças suficientes para se erguer<br />
daquele sofá e sair dali em desabalada carreira.<br />
Como se não bastasse, Jeanne soltou a presilha do sutiã, deixando os seios livres, lindos, os mamilos castanhos pontudos, como se<br />
quisessem furar os olhos do padre Rafael.<br />
— Ou será que os prefere assim, padre...? Livres... Soltos... Rebeldes e tentadores...?<br />
Era demais para o pobre homem...<br />
Depois de mais de quinze anos de abstinência absoluta, ele pensava que já estivesse imune a esse tipo de tentação... Porém,<br />
descobriu da maneira mais dolorosa que o instinto animal não é tão facilmente debelado.