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Queria as quotas de Tomás de qualquer maneira e, apesar de seu próprio advogado ter dito que era uma causa perdida, e que no fim<br />

ela acabaria saindo prejudicada, Jeanne insistia.<br />

Recusou qualquer contato com os advogados de Simone, disse que não haveria acordo e que levaria a ação até o final, mesmo que<br />

isso fosse a última coisa que faria em sua vida.<br />

— Vou ganhar — dizia ela — Depois, poderei morrer.<br />

Essa atitude deixava abismados Figueira e Bueno.<br />

Três meses depois da morte de Tomás e de Sylvia, quando então Simone já estava mais acostumada com os negócios da empresa e<br />

estava começando a poder tomar decisões sozinha, os dois advogados foram conversar com ela.<br />

— Não estamos entendendo — disse Figueira — Jeanne está recusando até mesmo o acordo que Tomás tinha proposto antes de<br />

morrer. Ela sabe que vai perder tudo e, no entanto, insiste em não aceitar qualquer contato conosco.<br />

Simone sugeriu:<br />

— Melhorem o acordo. Talvez ela esteja achando insuficiente.<br />

Sorriu, embora ainda houvesse muita tristeza nesse sorriso e completou:<br />

— Para mim, não fará qualquer diferença...<br />

Os dois advogados, apesar de não estarem completamente de acordo com a opinião de Simone, assentiram e, no dia seguinte,<br />

fizeram chegar a Jeanne uma nova minuta para ela examinar.<br />

Jeanne nem mesmo a leu.<br />

— Leve isso de volta — falou ao mensageiro — Não vou assinar nada. E não vou conversar com esses dois rábulas. Se tiver de tratar<br />

de alguma coisa, será diretamente com Simone e aqui, em minha casa!<br />

O mensageiro levou de volta a minuta e deu o recado:<br />

— Ela disse que quer tratar com Simone. E na casa dela.<br />

Figueira e Bueno nem sequer transmitiram essa notícia para Simone. Era algo tão absurdo que não valia a pena nem mesmo perder<br />

tempo falando sobre isso.<br />

— O que ela está pensando? — perguntou Figueira para Bueno.<br />

E, antes que o outro pudesse responder, acrescentou:<br />

— Será possível que ela ache que pode nos passar para trás dessa maneira? Os advogados somos nós! Recebemos de Simone para<br />

cuidar de casos como esse e uma de nossas obrigações é justamente poupá-la de aborrecimentos!<br />

Bueno ergueu os ombros com indiferença.<br />

— Deixe que ela queira à vontade. Quanto mais ela demorar, mais perto fica a sentença que, nós sabemos, será favorável à Simone<br />

— replicou — Daqui a muito pouco tempo, não haverá mais interesse nenhum e nem mesmo necessidade de acordo. Aliás, já há dois<br />

meses eu acho que não se deveria mais falar em acordo com essa mulher!<br />

Figueira suspirou.<br />

— Também acho... Mas infelizmente, não é essa a opinião de Simone. Você sabe como ela é. Boa demais...<br />

Acendendo um cigarro, completou:<br />

— Não vou ficar admirado se ela aceitar um encontro com essa megera. E ainda sair de lá concordando com os termos que ela<br />

impuser...<br />

Figueira estava com a razão.<br />

— Na semana seguinte, Simone mandou chamá-los para saber do resultado de sua sugestão quanto a melhorar o acordo com<br />

Jeanne.<br />

— Ela não quis assinar — respondeu Figueira — Nem sequer leu a minuta nova.<br />

Simone ficou em silêncio por alguns instantes e, pondo para trás da orelha uma mecha de seus longos cabelos cor de ébano, falou:<br />

— Acho que vou tentar conversar com ela. Pode ser que...<br />

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