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Tomás era um homem bom, um marido dedicado e que não media esforços para satisfazer os seus menores caprichos. E isso, é claro,<br />

sem contar que a cada dia ele ficava mais rico, tinha mais dinheiro em suas contas bancárias. Com isso, Jeanne podia ser cada vez mais<br />

exigente.<br />

E ela adorava pedir coisas para Tomás pois sabia que, não importando o que fosse, acabaria ganhando.<br />

Era bem certo que ele não deixava de cobrar essa sua generosidade e, à noite, Jeanne tinha de satisfazê-lo, tinha de fingir que era<br />

arrebatada para o sétimo céu.<br />

Riu lembrando-se que para o marido ela dizia que ficava no céu após uma relação e, com Satã, tinha a sensação oposta... Ela diria<br />

que tinha sido aquecida como se estivesse no fogo do Inferno...!<br />

— Até que deve ser muito melhor estar no Inferno com Satã... — pensou — Pelo menos o prazer é intenso!<br />

Nesse ponto de suas reflexões, o telefone tocou.<br />

Atendeu, imaginando que fosse Tomás mas, estava enganada.<br />

A voz de Hilda, parecendo aflita, perguntou:<br />

— Jeanne, você pode me receber agora de manhã? Tenho um assunto muito sério para conversar e acho que você é a única pessoa<br />

que poderia me ajudar...<br />

Jeanne estranhou o telefonema da mulher.<br />

Em primeiro lugar, Hilda na realidade nunca fora sua amiga, bem pelo contrário. Tinha acontecido uma certa aproximação quando da<br />

morte de Regina e Roberto mas, depois disso, elas limitaram seu relacionamento a encontros fortuitos em reuniões ou festas em que<br />

ambas tinham sido convidadas. Jamais chegaram a trocar confidências, jamais chegaram a se convidarem mutuamente para suas<br />

casas. Jeanne, inclusive, já realizara duas ou três festas em seu apartamento e Hilda não tinha sido convidada mesmo porque a<br />

francesa soubera de algumas reuniões que Hilda fizera e em cuja lista de convidados o seu nome não figurara. Em segundo lugar, não<br />

podia imaginar de que maneira ela poderia ser a única pessoa a trazer alguma ajuda para Hilda, uma mulher biliardária, eternamente<br />

rodeada por muitas pessoas que fariam de tudo para lhe serem agradáveis.<br />

Mas...<br />

Já que Hilda estava pedindo e como isso a punha numa posição de superioridade em relação a ela, Jeanne não vacilou mais.<br />

— Venha à hora que quiser, querida — falou — E pode estar certa de que fico sensibilizada com a sua lembrança. Farei o que estiver<br />

ao meu alcance...<br />

*******<br />

Jeanne abriu a porta para Hilda com o coração batendo mais depressa e ardendo de curiosidade para saber o que aquela mulher<br />

queria para lhe telefonar tão cedo.<br />

Realmente, Hilda parecia muito perturbada.<br />

Teria, na época, cerca de quarenta anos de idade, era uma balzaqueana bonita e, algumas más línguas já tinham dito para Jeanne<br />

que ela era fogosa demais para o marido, doze anos mais velho e com aparência de estar bem mais rodado e muito mais sofrido do que<br />

a esposa.<br />

Jeanne fez Hilda entrar, levou-a até a sala de estar e, indicando-lhe uma das poltronas, disse:<br />

— Sente-se, Hilda. Vou preparar um chá. Você me parece muito nervosa...<br />

— Não se preocupe com o chá — replicou a visita — Se não se incomodar, prefiro um conhaque, um uísque ou qualquer outra coisa<br />

alcoólica e forte!<br />

Jeanne arregalou os olhos, espantada.<br />

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