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Despertou com o corpo banhado de suor, sentindo dores no ventre, dores que ela não sabia dizer se eram contrações da gravidez ou<br />
se eram espasmos de um orgasmo frustrado.<br />
Completamente acordada, sentou-se na cama já com medo de que aquelas dores fossem um sinal do parto que, se acontecesse,<br />
estaria muito antecipado.<br />
Foi nesse momento que escutou uma voz masculina a lhe dizer:<br />
— Você pode conseguir, Jeanne... E eu quero que consiga! Basta seguir à risca as recomendações do livro...<br />
A voz silenciou e Jeanne, entre surpresa e assustada, permaneceu imóvel, os olhos fixos na escuridão do quarto, sem coragem de<br />
acender uma vela sequer pois temia que a claridade<br />
impedisse que aquele homem voltasse...<br />
Foi só depois de quase uma hora, que ela levantou, apanhou uma lamparina e foi para a sala, em busca do livro e da bola de cristal.<br />
*******<br />
O livro estava sobre a mesa da sala, exatamente onde ela o deixara, só que estava aberto numa outra página.<br />
Já a bola de cristal, que ela não tirara de seu lugar, simplesmente desaparecera e, por mais que Jeanne a procurasse, não conseguiu<br />
encontrá-la.<br />
Depois de revirar a sala, o quarto de Gabrielle, seu próprio quarto e até mesmo a cozinha, Jeanne desistiu e, sentando-se diante do<br />
livro, começou a ler o que estava escrito ali, na página em que misteriosamente ele fora aberto.<br />
À medida que avançava na leitura, Jeanne ia, mesmo sem querer, se convencendo de que, se fizesse tudo aquilo, conseguiria ser<br />
transportada para o lugar com que vinha sonhando.<br />
As palavras estavam escritas de uma forma tão clara, de uma maneira tão convincente que Jeanne não podia deixar de lhes dar<br />
crédito e de achar que tudo daria certo.<br />
Havia um trecho em que o autor do livro dizia alguma coisa a respeito de um sacrifício. Explicava que o sacrifício tinha por finalidade<br />
agradar o Demônio, dar-lhe prazer e, dessa maneira, propiciar a sua boa-vontade em interferir no Destino de quem o estava conjurando.<br />
Contudo, ele não dizia que espécie de sacrifício seria necessário e só no final do capítulo é que ele deixava entender que seria o<br />
próprio Satã quem determinaria o que estava desejando<br />
que lhe fosse ofertado.<br />
— Isso quer dizer — murmurou Jeanne — que eu posso conjurá-lo e lhe perguntar, pessoalmente, o que deseja para me ajudar!<br />
Com uma ponta de desespero, ainda excessivamente presa a idéias materialistas, lembrou-se que não possuía nada de seu e que,<br />
assim, se o Príncipe das Trevas lhe pedisse algo de valor, jamais teria como satisfazê-lo.<br />
Bocejou e percebeu, quase com surpresa, que estava com sono e que estava muito mais tranquila do que antes, embora tivesse<br />
surgido em sua mente aquele novo problema, decorrente da penúria em que estava vivendo.<br />
Aliás, em que sempre vivera, com exceção dos poucos momentos<br />
em que tivera Jacob ao seu lado proporcionando-lhe praticamente<br />
toda a satisfação que desejava.<br />
Lembrou-se, por um breve instante, de Jacob.<br />
Sentia sua falta, sentia saudades de seus carinhos e de suas palavras doces quando voltava para casa e encontrava tudo bem limpo<br />
e arrumado.<br />
— Eu era diferente, naquela época — disse Jeanne, levantando-se e caminhando para o quarto — Mas eu tinha ânimo. Tinha estímulo<br />
e um objetivo na vida. Queria conservar Jacob comigo pois sabia que ele era a representação viva de minha felicidade...<br />
Olhou para a sala em desordem e no meio da sujeira de muitas semanas...