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70<br />

— Fico muito feliz sabendo que você está quebrada. Assim, você terá de ir embora de São Paulo ou, então, o que será mais fácil de<br />

acontecer, será obrigada a ocupar a sua verdadeira posição na sociedade: rodando as chaves numa esquina qualquer da Avenida São<br />

João!<br />

Assim dizendo, Regina bateu o telefone e deixou Jeanne olhando abismada para o aparelho mudo em suas mãos.<br />

Ela demorou cerca de quinze minutos para se recuperar da surpresa.<br />

Não conseguia entender como Regina ficara sabendo de sua aventura com Roberto, uma aventura que tinha sido muito mais do que<br />

secreta e em que ele mesmo tomara tantos cuidados para não ser visto por pessoas conhecidas...<br />

Era bem verdade que a intenção de Jeanne era conquistar o marido de Regina de uma forma definitiva mas, percebera muito<br />

rapidamente que seria impossível. Roberto jurara-lhe o mais intenso amor mas... Estava impedido de se separar de Regina mesmo<br />

porque o dinheiro de que dispunha para investir em seus negócios vinha da família dela e ele não estava disposto a começar tudo de<br />

novo só por causa de um outro amor.<br />

Por sua vez, quando soube que a fortuna de Roberto era muito mais de Regina do que dele próprio, perdera completamente o<br />

interesse.<br />

Encontrara-se com ele três vezes e, depois... nunca mais.<br />

— Aquele idiota! — exclamou ela — Com certeza a mulher desconfiou de alguma coisa e, pressionado, acabou contando tudo! Não<br />

passa de um imaturo, de um moleque incapaz de arcar com a responsabilidade de seus atos e, no fundo, de um pobretão que vive às<br />

custas de Regina!<br />

Com um gesto irado, arrematou:<br />

— E eu não preciso de um pobretão! Muito pelo contrário, preciso de um homem rico, de um homem que tenha como sustentar os<br />

meus caprichos!<br />

*******<br />

Sozinha em seu apartamento, a noite parecia interminável para Jeanne.<br />

Pela primeira vez desde que chegara ao Brasil, ela sentia o mesmo que quando ainda estava em Auvergne, absolutamente só e sem<br />

perspectivas, no bangalô de Gabrielle.<br />

— Não vou suportar tudo outra vez! — gemeu — Não quero passar por tudo aquilo de novo!<br />

Inquieta, andando de um lado para o outro como uma leoa enjaulada, percebeu que enlouqueceria se continuasse ali. Precisava<br />

tomar ar, ver outras pessoas, mostrar a si mesma que ainda estava viva e que, afinal de contas, tinha de haver esperança.<br />

Olhou o relógio, constatou que passava pouco de oito horas da noite, portanto, ainda era bem cedo.<br />

Resolveu sair um pouco, caminhar pela rua, sentir o ar da noite. Talvez isso lhe trouxesse alguma idéia, talvez encontrasse uma<br />

maneira de resolver a sua situação.<br />

Nessa época, seu apartamento era em Santa Cecília, na rua das Palmeiras e bem em frente à Igreja. Dali, a pé, Jeanne poderia ter<br />

seguido para o largo do Arouche onde havia mais<br />

movimento ou para a Praça Marechal Deodoro onde algumas sorveterias famosas ficavam sempre cheias de gente.<br />

Mas não...<br />

Por alguma razão que ela mesma não saberia explicar, Jeanne subiu a Frederico Abranches e, depois de caminhar por quase um<br />

quarto de hora sem rumo e sem destino, dobrando esquinas e atravessando ruas, parou diante do portão da residência de Pérsio de<br />

Arruda, uma casa enorme, com o terreno ocupando quase um quarteirão inteiro da Alameda Barros e a construção, alta e imponente,<br />

fazendo Jeanne imaginar a formidável quantia de dinheiro que aquele homem deveria possuir.

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