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CAPÍTULO 17<br />
A partir desse dia, Jeanne passou a ser conhecida como uma pessoa mística, que sabia coisas e truques incríveis como, por exemplo,<br />
ler as cartas, ler as mãos e... Sabia como ninguém preparar pequenos encantamentos para se conseguir êxitos sentimentais.<br />
Hilda cumprira a sua promessa de só revelar o segredo de Jeanne para pessoas escolhidas e de consultá-la a cada vez. E Jeanne, por<br />
seu lado, consultava Satã que lhe dizia para atender<br />
ou não determinada pessoa.<br />
A francesa notou, curiosa, que Satã jamais a fazia recusar um atendimento e que a proibia de cobrar o que quer que fosse.<br />
Perguntou-lhe a razão dessa atitude e o Príncipe das Trevas respondeu:<br />
— Se você cobrar dinheiro ou mesmo favores, essas pessoas passarão a achar que têm direitos sobre você e sobre seu trabalho. E<br />
isso não é bom. É muito melhor que todos estejam sempre devendo algo, sem jamais saberem o que seja.<br />
Satã riu e acrescentou:<br />
— É como você... Sabe que me deve e que um dia eu hei de cobrar. Só que não tem a menor idéia do valor dessa dívida e nem quando<br />
vou resolver pedir que a resgate!<br />
— Isso não é justo — protestou Jeanne pela milésima vez — Até hoje, acho que você não tem motivos para se queixar de mim...<br />
Satã riu outra vez e desapareceu.<br />
Essa conversa tinha sido cerca de quinze dias depois de Tomás ter ido para o Rio de Janeiro e de mais uma noite de delícias com o seu<br />
Mestre.<br />
Assim, quando ele partiu, Jeanne ainda ficou acordada por alguns minutos, lembrando-se das sensações que tivera e procurando<br />
reviver cada uma delas...<br />
Quando o sono começou a alcançá-la, lembrou do marido, lembrou que durante aqueles dias Tomás tinha ligado apenas três vezes<br />
para dar notícias...<br />
— Ele deve estar muito ocupado — pensou — Deve estar trabalhando um bocado...<br />
Foi com esse pensamento que ela adormeceu, procurando sonhar mais um pouco com Satã pois essa era a maneira mais simples de<br />
conseguir ao menos um simulacro de prazer...<br />
*******<br />
Dois dias depois, Hilda telefonou.<br />
— Jeanne, tenho um problema que você pode resolver mas é claro que você vai me dizer primeiro se quer ou não atender essa<br />
pessoa...<br />
Jeanne encorajou a amiga a falar e ela continuou:<br />
— Trata-se de um industrial. Um homem que lida com latas e que está com uma dúvida muito grande... Conversou ontem com o<br />
Ribeiro e este comentou comigo a respeito do assunto.<br />
Hilda deixou escapar uma risadinha e falou:<br />
— Eu o conheço muito bem... Até mesmo bem demais. Por isso, eu me senti muito à vontade para telefonar para esse... amigo... e<br />
perguntar-lhe se queria alguma sugestão...<br />
— Você está querendo que eu dê a sugestão, não é isso? — indagou Jeanne.<br />
— Na realidade — respondeu Hilda, depois de uma pausa — Estou querendo que você oriente o pobre homem...<br />
Jeanne se concentrou um pouco e, depois de um pequeno silêncio, perguntou:<br />
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