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20<br />

Enquanto Jeanne e Jacob iam vivendo e progredindo tanto materialmente quanto na estabilidade de seu relacionamento, a França ia<br />

de mal a pior.<br />

Aliás, era a Europa que ia mal...<br />

Hitler iniciara sua marcha, avançara sobre a Polônia e prosseguira...<br />

A França, ameaçada... Os presunçosos e esnobes generais franceses garantindo que jamais os alemães conseguiriam invadir o solo<br />

gaulês.<br />

Mas as coisas não se passaram como eles estavam prevendo e os ataques tiveram início, como que preparando o terreno para a<br />

invasão germânica.<br />

Na noite do primeiro alarma antiaéreo, Jacob e Jeanne correram com mais de duas centenas de pessoas, para o número 7 da Rue de<br />

la Huchette.<br />

Jamais eles conseguiriam explicar a si mesmos o que estavam fazendo ali, por que diabos tinham voltado para a rua onde a jovem<br />

passara tantos anos tão difíceis e tão infelizes de<br />

sua vida...<br />

O fato é que eles ali se encontravam e, quando as sirenas começaram a tocar, acompanharam a massa que corria em busca de abrigo<br />

no subterrâneo do número 7 que, segundo a Defesa Civil, tinha capacidade para abrigar pouco mais de oitenta pessoas.<br />

Ora, na correria para buscar proteção, mesmo não havendo bombas, mas com as sirenes gritando, com a expressão apavorada das<br />

pessoas e o permanente medo da utilização pelos alemães dos terríveis gases venenosos, não havia a menor possibilidade de se<br />

controlar o número de pessoas num abrigo.<br />

Assim, no número 7 da Rue de la Huchette, seguramente naquela noite havia mais de duzentas almas, todas desesperadas, quase<br />

em pânico, como se estivessem esperando que, de um momento para o outro, a morte ali surgisse e começasse a fazer uso de seu<br />

alfanje.<br />

Muito juntos, abraçando-se como se um pudesse proteger o outro e como se um quisesse buscar a segurança que porventura<br />

emanasse do outro, Jacob e Jeanne acomodaram-se da melhor maneira possível num canto do abrigo.<br />

Jeanne vivera por dezessete anos ali na Rue de la Huchette e isso fazia com que fosse conhecida...<br />

Aliás, não havia quem não soubesse quem ela era uma vez que sua beleza e, é claro, a atividade de sua mãe bem como a ociosidade<br />

de seu pai, marcaram-na como uma habitante diferente da rua.<br />

Diferente para todos e...<br />

Desejada por alguns.<br />

Como, por exemplo, por Claude Jolas, funcionário dos Correios e que, desde sempre, alimentara por Jeanne um desejo dos mais<br />

intensos e que se sentira terrivelmente frustrado quando soubera que ela estava vivendo com Jacob.<br />

Com um judeu!<br />

Para Claude, um homem de tendência germanófila, aquilo era um verdadeiro absurdo.<br />

Precisou se controlar quando viu Jeanne, a musa de seus sonhos abraçada a Jacob.<br />

Sua vontade era de ir até onde os dois se encontravam e tirar aquele judeu do abrigo aos pontapés.<br />

Porém, ele se conhecia... Sabia que não poderia jamais ser considerado um homem forte ou mesmo, apenas valente. Era, isso sim,<br />

franzino, frágil e bastava olhar para Jacob para ter certeza que acabaria apanhando se tentasse qualquer coisa.<br />

Viu, cheio de revolta, os dois se beijando, viu-os se acariciando e tentando se reconfortar mutuamente...<br />

Aquilo fez com que começasse a tremer de raiva e, lançando um olhar invejoso para o casal, pensou:<br />

— Você ainda será minha, Jeanne... E há de esquecer esse maldito judeu!<br />

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