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O advogado refletiu por alguns instantes e disse, por fim:<br />

— Está certo... Verei o que é possível. Vou falar com o Figueira ainda hoje e, quem sabe, marcamos para segunda-feira esse<br />

encontro...<br />

Jeanne se despediu do advogado, radiante. Talvez, finalmente, estivesse trilhando o caminho certo. Tinha certeza de ser recebida por<br />

Simone e, a partir daí, não lhe seria muito difícil fazê-la acreditar em seu arrependimento. Daí a convencê-la a um convívio mais<br />

estreito, o passo não seria muito longo.<br />

— Você a terá, Príncipe das Trevas! E eu terei a minha juventude de volta! — disse ela para o espelho.<br />

154<br />

*******<br />

Às nove horas da manhã de segunda-feira, o advogado de Jeanne telefonou.<br />

— Será impossível encontrar Simone hoje — disse ele com preocupação em sua voz, temendo que Jeanne resolvesse voltar atrás e<br />

não mais assinar o acordo — Ela foi para o Rio de Janeiro e não deverá voltar antes de uma semana ou dez dias. Pelo que Figueira me<br />

falou, ela tem muitos negócios a resolver por lá.<br />

Apressado, antes que Jeanne pudesse reclamar, acrescentou:<br />

— Mas você pode assinar o acordo aqui. Até mesmo aí em seu apartamento. A presença de Simone é totalmente desnecessária...<br />

— Mas eu queria... — começou Jeanne.<br />

— Sei que você queria se entender com ela — interrompeu o advogado — Mas isso pode ser feito depois. Assine esse acordo,<br />

Jeanne... Tenho certeza que as coisas ficarão mais fáceis entre vocês duas depois que, juridicamente, não houver mais nenhum<br />

espinho.<br />

Jeanne refletiu por alguns instantes.<br />

Se ela deveria seguir as instruções da mensagem e se aquilo tudo era a mensagem propriamente dita, o melhor a fazer seria assinar.<br />

Além disso, se Simone estava no Rio de Janeiro, ou seja, numa cidade que não era o seu domicílio, talvez estivesse mais vulnerável lá,<br />

do que em São Paulo...<br />

E não seria totalmente impossível localizá-la... Com alguns telefonemas...<br />

— Está certo — disse a francesa — Pode mandar vir o acordo que eu vou assiná-lo. E, assim que Simone chegar, eu irei procurá-la<br />

para uma conversa adulta e madura.<br />

Deu uma risada e arrematou:<br />

— Afinal, eu vivi tanto tempo com o seu pai... Não tem o menor cabimento, depois de tudo acertado, que nós duas continuemos<br />

separadas. De uma forma ou de outra, eu sou a madrasta de Simone...<br />

O advogado quase nem podia acreditar no que estava ouvindo.<br />

Jeanne, finalmente, cedera... O acordo seria assinado, aquela tortura chegaria ao fim e, o que era melhor do que qualquer outra<br />

coisa, ele nunca mais precisaria chegar perto<br />

daquela mulher, nunca mais precisaria ouvir sua voz e muito menos ver aqueles olhos frios e maldosos que pareciam perfurar-lhe a<br />

alma.<br />

Por sua vez, Jeanne também estava excitada. Tão excitada que nem mesmo se lembrou das dores reumáticas que nos últimos dias<br />

estavam incomodando tanto, chegando mesmo a<br />

impedi-la de dormir.<br />

Imediatamente após desligar o telefone, começou a agir.<br />

Em seguida, também através do telefone, achou o hotel em que Simone se hospedaria, em Copacabana...

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