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— O que foi que aconteceu? — indagou a moça — Onde está Gabrielle?<br />
Jeanne fez essa pergunta meramente por fazer. Ela sabia, mesmo sem se lembrar direito do que ocorrera, que Gabrielle não existia mais...<br />
Lentamente, as imagens da tragédia foram se formando em seu cérebro e, antes mesmo que Bertrand respondesse, Jeanne disse:<br />
— Ela morreu... Não pensei que uma feiticeira pudesse morrer dessa maneira...<br />
Bertrand sorriu tristemente e falou:<br />
— Sim... Gabrielle morreu... Houve uma emanação de gás na floresta e ela morreu.<br />
Olhando com intensidade para Jeanne, acrescentou:<br />
— Não sei como é que você conseguiu se salvar... Quando esse gás vulcânico escapa, não há o que lhe resista!<br />
Jeanne sentou-se na cama surpreendendo-se com o fato de estar se sentindo perfeitamente bem e perguntou:<br />
— E os outros? O que aconteceu com todos os outros?<br />
Bertrand franziu as sobrancelhas e indagou, intrigado:<br />
— Outros? Mas que outros?<br />
Por um momento, Jeanne quase falou que havia mais pessoas além de Gabrielle na clareira. Porém, achou melhor esperar um pouco<br />
e Bertrand disse:<br />
— Você s estavam sozinhas... Não havia mais ninguém, nem mesmo pegadas.<br />
— Mas havia um caldeirão... — insistiu Jeanne.<br />
— Uma cesta, você quer dizer — retrucou Bertrand — Uma cesta cheia de cogumelos e de frutas silvestres.<br />
Jeanne suspirou.<br />
Tudo ainda estava muito confuso...<br />
Era preciso encontrar as explicações e isso, justamente isso, seria muito difícil, uma vez que Gabrielle deixara de existir.<br />
— O corpo...? — balbuciou Jeanne — Onde está o corpo de Gabrielle?<br />
Bertrand sorriu, compreensivo.<br />
— Ela já foi enterrada, Jeanne... Há dois dias. Faz hoje uma semana que você está dormindo.<br />
A moça arregalou os olhos.<br />
— Não é possível! — exclamou — Uma semana! Como cheguei aqui?<br />
Bertrand respondeu:<br />
— Eu a trouxe. Ouvi a trovoada, senti o cheiro do gás e achei que você s poderiam estar precisando de ajuda. Fui encontrá-la no meio<br />
da floresta, numa clareira. Gabrielle estava morta...<br />
Jeanne preferiu nada dizer.<br />
Pôs-se de pé, surpreendentemente lépida e disse:<br />
— Estou bem... Nem acredito!<br />
— O que pretende fazer? — perguntou Bertrand.<br />
Jeanne ergueu os ombros, dizendo:<br />
— Ainda não sei... Sem Gabrielle... Não tenho a menor idéia do que será de mim daqui para a frente...<br />
Sentia-se confusa, queria refletir um pouco sobre tudo aquilo e, sem jeito, com medo de ofender Bertrand que, afinal, tinha sido tão<br />
dedicado, ela murmurou:<br />
— Preciso pensar, Bertrand... Por isso, acho que gostaria de ficar sozinha...<br />
O homem fez um sinal afirmativo com a cabeça e disse, já se dirigindo para a porta:<br />
— Compreendo... Irei para minha casa...<br />
Sorriu, fez um aceno com a mão e arrematou:<br />
— Se precisar de alguma coisa, faça como Gabrielle... Pense em mim!<br />
Jeanne teve vontade de rir.<br />
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