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— É claro... Se essa importância não lhe fizer falta e se Heitor puder lhe dar alguma coisa como garantia.<br />

Tomás olhou espantado para Jeanne e esta explicou:<br />

— Nós não somos imortais, querido... Como seres humanos, estamos sujeitos a uma porção de coisas... Até mesmo à morte. Não há<br />

nada que lhe diga que eu estarei viva daqui a meia hora, não é mesmo?<br />

Tomás baixou a cabeça, pensativo. Depois de esvaziar o copo, ele disse:<br />

— Foi isso mesmo que Heitor me falou. E chegou a trazer, já assinada a transferência de suas quotas na empresa para mim. Disseme<br />

que assim que liquidasse a dívida, eu poderia rasgar esse papel.<br />

Jeanne arregalou os olhos e ponderou:<br />

— Ora! Se ele mesmo tomou essa iniciativa... Por que você não aceitaria?<br />

Impedindo Tomás de contestar, ela arrematou:<br />

— Acho muito bonita essa história de lealdade e de amizade... Mas, se você pode responder por si próprio e até mesmo pelas atitudes<br />

de Heitor, será que pode falar por Augusto? Por um menino mimado que pode, na falta do pai, resolver não pagar a dívida, simplesmente?<br />

Tomás não teve o que dizer. Sabia que Jeanne estava com a razão e sabia que qualquer<br />

pessoa de bom senso diria que ele jamais deveria dar o dinheiro — na realidade uma fortuna — sem a menor garantia.<br />

Sorriu, beijou carinhosamente Jeanne e, levantando-se foi até o telefone para avisar Heitor de que aceitava o negócio e que ele podia<br />

contar com a importância que estava querendo na manhã seguinte.<br />

Jeanne assistiu tudo aquilo com um sorriso nos lábios.<br />

Sabedora do desfecho final daquele episódio, ela não poderia fazer mais nada além de sorrir.<br />

Já tinha uma boa idéia de como funcionava a empresa de Tomás e de Heitor e sabia que a renda que ela proporcionava era<br />

assombrosa. Assim, se tudo acontecesse como previra Satã, dentro de pouco tempo Tomás estaria ainda mais rico do que já era e,<br />

consequentemente, ela também.<br />

Em resumo, estaria realizando mais uma das metas que se impusera: ficar milionária. E, para isso, para conseguir chegar a esse<br />

objetivo, não poderia se incomodar com absolutamente nada! Se precisasse passar por cima de todos como uma verdadeira panzer de<br />

Rommel, ela não hesitaria. Mesmo que precisasse sempre da ajuda do Príncipe das Trevas e de seus poderes fabulosos.<br />

*******<br />

As previsões de Satã estavam absolutamente corretas. O filho de Heitor foi convocado pela FEB e embarcou no General Mann, um dos<br />

navios americanos que deveriam levar os pracinhas brasileiros para a Itália.<br />

Cerca de um mês depois que Augusto partira para a Europa, um telegrama chegou às mãos do já deprimido Heitor dando conta de<br />

que seu filho morrera a bordo do General Mann, vítima de um acidente durante o treinamento para naufrágio.<br />

Heitor ficou abaladíssimo.<br />

Durante três dias, ele não conseguia dizer o que quer que fosse que tivesse nexo e, na manhã do quarto dia, os empregados de sua<br />

casa encontraram-no morto na biblioteca, a cabeça pendida para a frente, a língua para fora, arroxeada, enorme....<br />

— Foi um infarto — explicou Tomás — O pobre Heitor não suportou o desgosto causado pela morte do filho...<br />

Tomás ficou com a empresa, os parentes de Heitor ficaram com a fazenda que ele comprara para o filho e Jeanne ficou com fama de<br />

ser a mais sensata e sábia de todas as mulheres.<br />

*******<br />

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