Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
— Não... Isso não é possível... É um pesadelo... Não pode estar acontecendo comigo!<br />
Muito séria, Sylvia falou:<br />
— Eu estava esperando por isso, Tomás. Assim, seu comportamento e sua reação, não me chocam... Não está sendo nem um pouco<br />
diferente do que imaginava.<br />
Tomás olhou para a menina nos braços da mãe.<br />
Ele vira muitas e muitas fotografias suas quando bebê... E era mais do que evidente a extrema semelhança.<br />
— É a sua cara — sorriu Sylvia, nervosa.<br />
Tomás não conseguiu deixar de sorrir e, num gesto involuntário, estendeu a mão acariciando o queixo de Simone.<br />
A menina sorriu, Tomás teve, de repente, uma estranha sensação...<br />
Olhou para Sylvia e perguntou:<br />
— Mas... Tem certeza de que é minha filha?<br />
— Sim — respondeu a mulher, com calma e segurança — Depois de você, não houve outro homem em minha vida e antes...<br />
Deu um sorriso e murmurou:<br />
— Acho que você se lembra como eu estava... Deve se lembrar que eu parecia uma louca, não é mesmo?<br />
Tomás fez um sinal afirmativo com a cabeça e sorriu. Era mais do que vívida em sua memória a lembrança daqueles dias, a excitação<br />
de Sylvia e a ânsia que mostrava em encontrar e gozar o prazer<br />
— Fazia mais de um ano que eu não tinha nada com homem nenhum... — disse ela.<br />
Tomás respirou fundo, voltou a olhar para a menina.<br />
Sim... Ela era linda. Linda e sorridente, parecendo até reconhecê-lo, parecendo que sabia ser ele o seu pai.<br />
— O que quer de mim? — indagou Tomás — Dinheiro para não fazer um escândalo?<br />
Sylvia olhou torvamente para ele e disse, com uma expressão de profunda tristeza em seu rosto:<br />
— Não quero seu dinheiro, Tomás... Não pretendo fazer escândalo nenhum.<br />
Esboçou um sorriso nervoso e falou:<br />
— Não posso negar que gostaria muito de tê-lo ao meu lado, de ser sua esposa e de vê-lo como o pai de nossa filha... Mas sei que isso<br />
é um sonho impossível. Você tem a sua vida, o seu mundo, a sua sociedade à qual eu jamais conseguiria pertencer.<br />
Tomando fôlego, Sylvia disse:<br />
— Não é nada disso o que eu quero.<br />
— ...então...? — fez Tomás, ansioso.<br />
Sylvia fitou-o com intensidade.<br />
— Quero que minha filha tenha um pai... Nada mais que isso. Não quero que ela cresça com uma certidão de nascimento onde<br />
apareça em branco a linha onde deveria figurar o nome de seu pai. É isso o que eu quero e é isso que hei de conseguir. Se for preciso,<br />
lutarei e, então sim, é muito provável que aconteça um escândalo.<br />
Tomás suspirou.<br />
Sylvia tinha razão. Se ela entrasse na Justiça com um processo de investigação de paternidade, com certeza ele conseguiria provar<br />
que não era o pai. Melhor dizendo, muito dificilmente, ela conseguiria convencer o Juiz de que ele era o pai. Especialmente em se<br />
levando em conta que a Justiça sempre tem uma certa tendência para facilitar as coisas para os que têm mais posses, mais recursos<br />
para lutar e, consequentemente, mais armas.<br />
O dinheiro é a arma da sociedade...<br />
Mas, haveria o escândalo...<br />
E um escândalo não faria bem para a posição de Tomás Camargo.<br />
Depois...<br />
Aquela menina era tão bonitinha... Sorria tanto para ele...<br />
111