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Jeanne riu alto.<br />

— Mas é claro que não terei de que me queixar, idiota! — exclamou ela — Você já transferiu as quotas da empresa para mim. Na<br />

realidade, você não tem mais nada aí... Aliás, nem sei o que está fazendo aí, no escritório!<br />

Fez uma pausa e completou:<br />

— A primeira providência que vou tomar, será demiti-lo. Por isso, pode ir limpando as gavetas pois no momento em que eu chegar aí,<br />

você será posto para fora a pontapés!<br />

Tomás riu interiormente. Jeanne, desta vez, estava enganada. As notícia s que seus dois amigos advogados, Figueira e Bueno, lhe<br />

deram na véspera, era de que o processo de anulação estava em andamento e Jeanne já perdera, judicialmente, a tutela das quotas.<br />

Restava ainda a anulação da transferência propriamente dita mas, no mínimo metade da ação já estava ganha. Era óbvio que ele teria<br />

que indenizá-la mas, pelo menos a empresa estaria salva.<br />

Do outro lado da linha, Jeanne continuava a deblaterar, a dizer que era um verdadeiro absurdo, se ele queria ter tido filhos que os<br />

tivesse com ela e não com uma qualquer.<br />

— Escolher uma reles funcionária do escritório... — falou a francesa — Mas isso é um absurdo! Pôr uma criança no mundo para quê?<br />

Tomás ouvia em silêncio.<br />

Quando a mulher fez uma pausa para tomar fôlego, ele disse:<br />

— Ouça... Não adianta você ficar falando todas essas coisas para mim. Minha decisão já foi tomada há mais de três semanas e eu não<br />

vou voltar atrás. Espero apenas que você seja compreensiva e civilizada e receba com cortesia os meus advogados.<br />

Sorriu e arrematou:<br />

— Eu estava apenas esperando que você descobrisse tudo, Jeanne... E estou com tudo pronto para o acordo de separação. Quando<br />

você assinar, estaremos definitivamente separados e cada um poderá fazer a vida que quiser. E, é claro, você estará mais do que<br />

amparada do ponto de vista financeiro.<br />

Jeanne pensou em bater-lhe o telefone, em dizer-lhe que não receberia ninguém.<br />

Mas Jeanne refletiu.<br />

Ela queria vingança.<br />

Porém, muito mais do que vingança, ela queria humilhar Tomás, queria reduzi-lo a nada pois tinha a certeza que, sem um só centavo<br />

no bolso, na mais negra miséria, ele seria abandonado por aquela mulher e, muito provavelmente, também pela filha. Para Jeanne,<br />

justamente por ela ser assim, seria mais do que normal que a filha de Tomás só tivesse interesse no pai por causa de seu dinheiro.<br />

E, sem um só tostão...<br />

Sem um só tostão, não haveria herança para a filha de Tomás.<br />

Este passara a ser, de repente, o objetivo maior de Jeanne: deixar a menina<br />

sem nada. Não dividir nada com ninguém!<br />

— Mande seus advogados — disse ela — Eu os receberei e, depois de conversar com eles, verei o que nós vamos fazer.<br />

Tomás sorriu mais uma vez.<br />

Ela jamais mudaria...<br />

Mesmo numa situação de desvantagem, Jeanne fazia questão de mostrar que estava por cima. “Verei o que nós vamos fazer...”,<br />

dissera ela. Como se ainda desta vez, todas as<br />

cartas estivessem em sua mão e fosse ela quem decidiria o que ele, Tomás Camargo, teria de fazer...<br />

— Nós não vamos fazer nada, Jeanne — disse ele — Os advogados estão com a minuta do contrato já pronta. Você só terá e assinálo.<br />

Não terá de discuti-lo.<br />

E, antes que Jeanne pudesse protestar, ele acrescentou:<br />

— Talvez você não saiba, Jeanne... Mas estamos no Brasil, em São Paulo mais precisamente. E em São Paulo, pode ter certeza que<br />

o meu sobrenome pesa muito mais do que o seu, de solteira. Na eventualidade de não querer assinar, eu tomarei providências<br />

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