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O dia já ia alto quando Jeanne conseguiu reunir forças para abrir novamente os olhos.<br />
Viu que estava ainda em seu quarto mas não se encontrava mais sozinha. Louis e uma mulher ali estavam, olhando para ela com<br />
expressão de piedade e comiseração.<br />
— Ela despertou — murmurou Louis — Finalmente!<br />
A mulher, que Jeanne jamais tinha visto antes, curvou-se sobre ela e disse:<br />
— Pobrezinha... Deve ter sofrido muito...<br />
— Meu filho... — balbuciou Jeanne — Ele nasceu...<br />
— Sim — confirmou a mulher — Mas nasceu morto, querida...<br />
Respirou fundo e completou:<br />
— Deus não quis que ele viesse para este mundo em guerra, cheio de infelicidade e de desgraças...<br />
Jeanne se esforçou para reprimir as lágrimas, para manter a boca fechada...<br />
Ela, melhor do que ninguém, sabia que essa não era a verdade.<br />
Não tinha sido Deus...<br />
Tinha sido, isso sim, Satã.<br />
— A camisinha dele — pediu — Eu a sujei de sangue... Onde está...?<br />
A mulher franziu as sobrancelhas.<br />
— Camisinha? — indagou — Não havia camisinha nenhuma... Você<br />
tentou se enxugar com o lençol!<br />
Mais uma vez, Jeanne apertou os lábios para se impedir de dizer o que estava pensando.<br />
Havia uma camisinha, sim... Ela sabia disso muito bem... E sabia, já quando perguntara, que não seria encontrada.<br />
— Vamos levá-la para a cidade, Jeanne — disse Louis — Você precisa de cuidados médicos e aqui... Está muito isolada, muito sozinha!<br />
Esboçou um sorriso e acrescentou:<br />
— Gabrielle deve estar por trás disso, Jeanne... Eu não deveria estar aqui, agora... Saí com minha cunhada para fazer algumas<br />
compras e foi no caminho que resolvi vir até sua casa<br />
para ver como estava.<br />
Jeanne fechou os olhos e a mulher resmungou:<br />
— Pare de falar, Louis!... Não vê que a pobrezinha está exausta?<br />
Tomando a iniciativa, começou a arrumar algumas coisas dentro de uma maleta e disse:<br />
— Vamos! Ajude-a a se levantar! Temos que levá-la para o hospital o mais depressa possível!<br />
*******<br />
A recuperação de Jeanne foi rápida.<br />
Menos de uma semana depois de ter chegado, ela já estava andando pelos corredores do hospital e ajudando as enfermeiras em seus<br />
afazeres.<br />
Foi graças a esse trabalho voluntário, que ela conheceu um rapaz que tinha sido ferido por uma patrulha alemã e que estava ali no<br />
hospital em tratamento antes de ser transferido para um campo de prisioneiros. Diziam que ele era da Resistência e que os alemães<br />
faziam<br />
questão que melhorasse para que pudessem interrogá-lo melhor.<br />
Essa expectativa estava pondo o pobre rapaz como louco.<br />
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