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124<br />

CAPÍTULO 21<br />

— Não posso acreditar no que você está me dizendo, Marly! — exclamou Jeanne — Simplesmente não posso acreditar!<br />

Marly sorriu com superioridade. Era extremamente agradável para ela poder falar assim com Jeanne, poder olhá-la de cima, pela<br />

primeira vez vendo aquela fortaleza toda em vias de ruir. A francesa tinha feito a mesma coisa tantas vezes, com tantas delas!<br />

Tripudiara sobre os sentimentos de quase todas as amigas, aproveitara-se de seus momentos de fragilidade...<br />

Agora, chegara a sua vez...<br />

Marly lembrou com amargura o dia em que Jeanne fora à sua casa para provar que Paulo, seu marido, mantinha um caso com a<br />

secretária.<br />

Era verdade que a própria Marly já desconfiava disso. Mas, por comodismo, por conformismo, preferira nada dizer a Paulo e nem a<br />

ninguém. Mas Jeanne descobrira. Descobrira e, como um paladino dos direitos femininos e feministas, ela fizera questão<br />

de mostrar para Marly as provas, fizera questão de falar sobre o caso diante de todas as outras e com uma tal força de opinião que<br />

Marly acabou obrigada a assumir uma posição.<br />

O resultado fora trágico...<br />

Paulo, acuado, pressionado, preferira a separação e, a despeito da gorda pensão e da partilha de bens que a favorecera, Marly ficara<br />

sem o marido, fora relegada ao clube das mulheres desquitadas.<br />

Pior que isso, das mulheres que tinham sido trocadas pelas secretárias de seus maridos.<br />

Um clube com muitas sócias, todas elas amargas, revoltadas, frustradas.<br />

Jeanne tinha sido a culpada...<br />

Mas...<br />

Nada melhor do que o tempo!<br />

Ali estava a francesa, todo o seu sarcasmo deixado de lado, todo o seu orgulho derrubado...<br />

Sim...<br />

Jeanne era a próxima candidata a uma cadeira no clube.<br />

— Se não quer acreditar, minha querida — insistiu Marly — Não acredite... Mas fique sabendo que eu não costumo inventar coisas e,<br />

quando as conto, tenho sempre uma fonte de informações de altíssima credibilidade!<br />

Jeanne respirou fundo.<br />

— Conte outra vez — pediu ela — Talvez eu não tenha entendido direito.<br />

Marly sorriu, tomou mais um gole de chá e, com voz pausada, falou:<br />

— Você mesma comentou que Tomás não aparece em casa há vários dias... Pelo que me falou, ele estaria viajando para o Paraná,<br />

com algum negócio a respeito de exportação de café. Pois não é nada disso. Há três semanas atrás, Tomás estava bêbado e foi<br />

encontrado, quase desmaiado num bar na Avenida Ipiranga, por três de seus antigos amigos. Tenho certeza dos nomes, se quiser,<br />

poderemos averiguar... Nelson, Sidney e Max, acharam-no<br />

nesse estado deplorável e quiseram levá-lo para casa.<br />

Marly fez uma pausa proposital para que Jeanne absorvesse bem suas palavras e para que desse maior valor ao que vinha em<br />

seguida. Tomando fôlego, ela continuou:<br />

— Parece que Tomás recobrou um pouco de sua consciência e disse que não queria vir para cá. Não queria mais voltar para este<br />

apartamento.<br />

Marly fixou os olhos de Jeanne e notou que, pela primeira vez, conseguia sustentar o seu olhar. Com um sorriso que não conseguiu<br />

disfarçar, ela disse:

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