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A construção de um projeto de educação bilíngue para

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escolar, a instituição sofreu o golpe da intervenção fe<strong>de</strong>ral, assunto tratado em capítulo<br />

anterior, e o corpo docente por <strong>um</strong>a questão <strong>de</strong> sobrevivência profissional se uniu contra<br />

<strong>um</strong> “inimigo” maior.<br />

Além da violência simbólica a que todos os agentes escolares foram submetidos<br />

houve <strong>um</strong> arrefecimento nas reflexões que começavam a ganhar corpo na instituição. O<br />

problema foi sanado <strong>de</strong>vido à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relacionamentos que dispunha <strong>um</strong> grupo <strong>de</strong><br />

professores como po<strong>de</strong>mos acompanhar pelo <strong>de</strong>poimento da professora D 74 :<br />

E nós estávamos vivendo esse burburinho político <strong>de</strong> saída do Collor e<br />

então levamos os nossos alunos às ruas e isso foi marcante! (...) todo o<br />

pessoal começa a perceber em 1992, com a saída da intervenção que a<br />

gente conseguiu na luta! Foi carta <strong>para</strong> o ministro, <strong>para</strong> a professora<br />

Rosita Edler, secretária <strong>de</strong> <strong>educação</strong> que nos ouviu... Nós fomos ao MEC<br />

e fizemos <strong>um</strong> pedido <strong>para</strong> que ela interce<strong>de</strong>sse por nós porque estava<br />

insuportável viver naquela situação e quando conseguimos então retirar<br />

aquela intervenção a professora Leni ass<strong>um</strong>iu em 1992.<br />

Para Bourdieu (1980, p. 2-3 apud Nogueira & Catani, 2007, p.67), o capital social é<br />

extremamente valioso na luta por disputa <strong>de</strong> posições no espaço social, já que esse capital<br />

agrega “recursos atuais ou potenciais que estão ligados à posse <strong>de</strong> <strong>um</strong>a re<strong>de</strong> durável <strong>de</strong><br />

relações mais ou menos institucionalizadas <strong>de</strong> interconhecimento e inter-reconhecimento”.<br />

Assim, essas relações sociais, cultivadas intencionalmente em vários momentos,<br />

possibilitam “lucros materiais ou simbólicos”, como o que pô<strong>de</strong> ser visl<strong>um</strong>brado no caso<br />

da intercessão da secretária <strong>de</strong> Educação Especial que colaborou <strong>para</strong> o fim da intervenção<br />

fe<strong>de</strong>ral no INES e na escolha <strong>de</strong> <strong>um</strong>a professora da instituição <strong>para</strong> ass<strong>um</strong>ir a direção geral.<br />

Com esse problema resolvido, o corpo discente visl<strong>um</strong>brou no momento político a<br />

época a<strong>de</strong>quada <strong>para</strong> reivindicar a entrada da língua <strong>de</strong> sinais como língua <strong>de</strong> instrução,<br />

aproveitando que a comunicação total já possibilitara abertura <strong>para</strong> isso. Assim, os alunos<br />

contando com o apoio explícito <strong>de</strong> parte <strong>de</strong> seus professores e, respaldados pela direção<br />

pedagógica, começaram a se confrontar com os professores que ainda seguiam métodos<br />

orais e/ou não manifestavam o <strong>de</strong>sejo pela aprendizagem da língua <strong>de</strong> sinais. O relato do<br />

ex aluno E 75 dá visibilida<strong>de</strong> a esses conflitos que começavam a se intensificar no INES:<br />

Nós já estávamos muito conscientes do nosso direito <strong>de</strong> ter <strong>um</strong>a <strong>educação</strong><br />

em LIBRAS e discutíamos com os professores. Houve até <strong>um</strong> certo aluno<br />

que “batia <strong>de</strong> frente” com <strong>um</strong>a professora que à época era muito oralista e<br />

até dizia que ela tinha que ir embora do INES porque <strong>para</strong> ser professor<br />

naquela escola tinha que saber LIBRAS. Os outros professores também<br />

74 D foi professora do INES e conce<strong>de</strong>u entrevista à autora em 27 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2011.<br />

75 E é ex aluno do INES e conce<strong>de</strong>u entrevista à autora em 15 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2011.<br />

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