A construção de um projeto de educação bilíngue para
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diferentes formas <strong>de</strong> abordagens, menos a língua <strong>de</strong> sinais; o áudio-<br />
fonatório que era puramente auditivo e estímulo- auditivo; e a<br />
comunicação total (...) Então a comunicação total ficou no turno da tar<strong>de</strong><br />
<strong>para</strong> que as crianças ficassem longe das outras que estavam no grupo do<br />
método áudio- fonatório e o multissensorial e, assim, elas estudavam no<br />
horário contrário, <strong>de</strong> manhã.<br />
Ainda que os resultados da pesquisa não apontassem <strong>para</strong> <strong>um</strong>a melhora<br />
significativa em termos <strong>de</strong> aprendizagem do grupo atendido pela alternativa educacional da<br />
comunicação total, houve benefícios <strong>de</strong>ssa metodologia na utilização <strong>de</strong> estratégias que<br />
facilitavam o <strong>de</strong>sempenho na recepção visual, associação visual, expressão manual, closura<br />
visual e memória sequencial auditiva dos alunos atendidos nessa modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino<br />
(CARRILHO, 1991).<br />
Porém, conjectura-se que os resultados pouco expressivos entre os grupos<br />
experimentais e o grupo controle po<strong>de</strong>riam ter sofrido alterações se a pesquisa não tivesse<br />
sido precocemente interrompida pela “escassez <strong>de</strong> recursos h<strong>um</strong>anos” (i<strong>de</strong>m, p.23). Mas o<br />
fato incontestável, segundo todos os entrevistados <strong>de</strong>ssa dissertação, é que a pesquisa<br />
permitiu a entrada oficial da linguagem <strong>de</strong> sinais nas propostas educacionais, através da<br />
comunicação total, abertura essa até então inédita no INES.<br />
Para Souza (1995), a partir <strong>de</strong> 1995, o gestualismo ganha os contornos da<br />
comunicação total. Esta se utiliza <strong>de</strong> todos os recursos <strong>de</strong> suporte <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
da língua oral, leitura e escrita com as vantagens <strong>de</strong> todo o a<strong>para</strong>to tecnológico <strong>de</strong> nosso<br />
tempo. Nessa abordagem inclui-se tanto a linguagem <strong>de</strong> sinais como a oralização.<br />
Porém, ainda <strong>para</strong> a autora, a comunicação total carrega em seu bojo a mesma<br />
i<strong>de</strong>ologia oralista, já que não <strong>de</strong>senvolve nenh<strong>um</strong> tipo <strong>de</strong> reorganização conceitual crítica<br />
em sua concepção em relação aos surdos e a sur<strong>de</strong>z. Por isso se constitui em <strong>um</strong> método e<br />
não em <strong>um</strong>a filosofia <strong>de</strong> ensino <strong>para</strong> surdos.<br />
Com outro olhar sobre a questão, Capovilla (2000, p.105), enten<strong>de</strong> que ainda que a<br />
comunicação total não promova o <strong>de</strong>senvolvimento da língua <strong>de</strong> sinais genuína, pois<br />
favorece o surgimento <strong>de</strong> <strong>um</strong>a linguagem artificial em que a “(...) a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> produção dos<br />
sinais sempre segue a or<strong>de</strong>m da produção das palavras da língua falada, que é produzida<br />
simultaneamente”; a comunicação total se caracteriza por ser <strong>um</strong>a nova filosofia<br />
educacional por opor-se ao oralismo estrito.<br />
Para Skliar (1997, p.43), a comunicação total “(...) estabeleceu <strong>um</strong>a nova or<strong>de</strong>m<br />
nas escolas, <strong>de</strong>teriorando as férreas barreiras do logocentrismo na <strong>educação</strong> dos surdos e<br />
privilegiando a comunicação, qualquer forma <strong>de</strong> comunicação, acima <strong>de</strong> qualquer outro<br />
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