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A construção de um projeto de educação bilíngue para

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discursos, tantos “não posso , não posso, não posso!” Então eu falava: “Vai apren<strong>de</strong>r<br />

língua <strong>de</strong> sinais e <strong>de</strong>pois a gente fala!” Naquela época eu fiquei com muita raiva [ênfase]<br />

<strong>de</strong>ssas pessoas porque eu achava que elas não queriam nada mesmo, mas o que não<br />

queriam, na verda<strong>de</strong>, era <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser elas, então contra isso eu não podia! Não entendo<br />

isso, mas também não posso fazer nada se as pessoas não querem conversar com os alunos<br />

que vão educar... Eu não entendo a vocação <strong>de</strong>ssas pessoas.<br />

G: Então o pré-requisito que você sempre pregou <strong>para</strong> a <strong>construção</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>projeto</strong> <strong>bilíngue</strong><br />

no INES era a aprendizagem da língua <strong>de</strong> sinais por toda a comunida<strong>de</strong> escolar?<br />

E: A gente não tem muita experiência porque isso não tem acontecido, não é <strong>um</strong>a<br />

promessa, é “vamos ver se dá certo”, é que efetivamente a gente viu o contrário séculos e<br />

séculos que isso não acontecia , então a minha justificativa é dizer o que tem acontecido é<br />

que nunca se falou em língua <strong>de</strong> sinais como a língua da escola, tanto que fazer isso tem<br />

que ser a primeira medida. Claro que tem muitas pessoas que não queriam , que achavam<br />

que não era importante, essa era <strong>um</strong>a <strong>de</strong>cisão política que tinha que ser tomada pela<br />

escola...<br />

G: Hoje, passados 13 anos da sua consultoria, parece que a dicotomia língua <strong>de</strong> sinais,<br />

língua oral ainda não foi plenamente superada... Eu estou há 18 anos trabalhando no<br />

instituto e a discussão, principalmente pedagógica, ainda gira muito em torno <strong>de</strong>ssa<br />

polarização. Como era na época da sua consultoria?<br />

E: A minha idéia na época era que o oral não tem que ser condição <strong>para</strong> o acesso ao<br />

conhecimento, podia ser feito <strong>de</strong> <strong>um</strong> outro jeito, n<strong>um</strong> outro horário, com outras<br />

habilida<strong>de</strong>s e outros profissionais, pois o pedagógico passa pela língua <strong>de</strong> sinais e não tem<br />

porque ser misturado com técnicas <strong>de</strong> ensino da língua oral. Outra parte é que continuam a<br />

pensar, se passaram 13 anos, po<strong>de</strong>mos fazer <strong>um</strong>a avaliação dos resultados do ensino da<br />

língua oral no INES, saber o que tem acontecido, po<strong>de</strong>mos fazer essa avaliação? Ou é<br />

somente <strong>um</strong> problema i<strong>de</strong>ológico? Porque os rivais, às vezes, não querem mostrar o<br />

resultado do processo e eu acho que não há só subjetivida<strong>de</strong> nesses processos, não me<br />

parece que as pessoas, que tem que avaliar o seu trabalho e não avaliar o outro, avaliam o<br />

seu trabalho e dizem que é bom... Muitos acham que tem que fazer mais língua oral, mais<br />

língua oral, todo tempo língua oral e eu acho que não, mas tudo bem é avaliação. A língua<br />

oral precisa ser avaliada nas instituições educativas.<br />

G: E isso quer dizer que ela po<strong>de</strong> existir fora da sala <strong>de</strong> aula?<br />

E: Depen<strong>de</strong> das condições, se a gente não po<strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r a todo mundo, se a gente não tem<br />

recursos <strong>para</strong> todos, fazer meia hora por dia, ai não dá <strong>para</strong> pensar que efetivamente vai ter<br />

aprendizagem da língua oral. Também é <strong>um</strong>a política, não é apenas <strong>um</strong>a clinica<br />

individual, é <strong>um</strong>a política, mas eu acho que não é pedagógica, é mesmo <strong>um</strong>a abordagem<br />

terapêutica, então n<strong>um</strong>a instituição como o INES eu achava que era impossível <strong>um</strong><br />

atendimento individual porque isso faria per<strong>de</strong>r muito tempo do ensino, do conhecimento<br />

das priorida<strong>de</strong>s que as pessoas <strong>para</strong> mim tem e toda essa briga tinha a ver com isso... Mas<br />

está sendo pensado na sua estrutura, nas suas estratégias? Mas está sendo seriamente<br />

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