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A construção de um projeto de educação bilíngue para

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ROCHA (2010), pesquisadora da área da sur<strong>de</strong>z e professora do INES, dialogando<br />

criticamente com a maioria dos autores que acredita ser o Congresso <strong>de</strong> Milão orquestrado<br />

por <strong>um</strong> <strong>projeto</strong> i<strong>de</strong>ológico oralista, <strong>de</strong>monstra, apoiando-se na análise das atas provenientes<br />

<strong>de</strong> tal evento, que não existia a veiculação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a i<strong>de</strong>ologia oralista e sim <strong>um</strong> investimento<br />

na procura por métodos pedagógicos que fossem mais a<strong>de</strong>quados à aprendizagem dos<br />

surdos. Analisemos, pois, seu discurso:<br />

Na realida<strong>de</strong>, a discussão não girava em torno da supressão da Língua <strong>de</strong><br />

Sinais e o sequestro <strong>de</strong>liberado <strong>de</strong> <strong>um</strong>a possibilida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntitária do ser<br />

surdo como se tem dito. O que emerge das discussões é <strong>um</strong>a preocupação<br />

em escolher <strong>um</strong> método <strong>de</strong> ensino eficaz <strong>para</strong> a sua socialização e,<br />

também <strong>um</strong> método ou o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>um</strong>a linguagem que<br />

ajudasse na aquisição <strong>de</strong> linguagem escrita. (...) Outro ponto relevante e<br />

pouco dito é a <strong>de</strong> que a aquisição <strong>de</strong> língua oral não era <strong>para</strong> todos. Havia<br />

quase <strong>um</strong> consenso <strong>de</strong> que nem todos os surdos teriam condições <strong>de</strong><br />

serem instruídos pelo método oral. De toda sorte, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong>ssas<br />

nuances o que tem sido dito é que houve <strong>um</strong> <strong>projeto</strong> i<strong>de</strong>ológico oralista<br />

secular. O INES, também capturado por essa narrativa, é apresentado<br />

como <strong>um</strong>a instituição que abraçou acriticamente a <strong>de</strong>liberação milanesa<br />

configurando-se, portanto, em <strong>um</strong> espaço on<strong>de</strong> se consolidou <strong>um</strong> trabalho<br />

<strong>de</strong> tradição oralista por mais <strong>de</strong> <strong>um</strong> século (ROCHA, 2010, p.107-109).<br />

Dando prosseguimento a seu raciocínio, a autora conjectura sobre a impossibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>projeto</strong> oralista manter-se por mais <strong>de</strong> cem anos na <strong>educação</strong> <strong>de</strong> surdos acatando<br />

apenas <strong>um</strong>a orientação explicitada em <strong>um</strong> congresso ocorrido no século XIX. Assim<br />

expressa o seu ponto <strong>de</strong> vista sobre a questão:<br />

É difícil imaginar, em qualquer campo do conhecimento, <strong>um</strong>a a<strong>de</strong>são tão<br />

linear e duradoura como vem sendo dito dos resultados <strong>de</strong> <strong>um</strong> Congresso.<br />

A idéia muito difundida é a <strong>de</strong> que a supressão da Língua <strong>de</strong> Sinais nos<br />

<strong>projeto</strong>s educacionais <strong>para</strong> surdos <strong>de</strong>rivou em <strong>um</strong>a tragédia linguística<br />

muito cara aos surdos. A perspectiva é <strong>de</strong> que houve <strong>um</strong>a espécie <strong>de</strong><br />

congelamento por <strong>um</strong> século <strong>de</strong> <strong>projeto</strong>s públicos eficazes <strong>para</strong> o aluno<br />

surdo pela proibição do ensino pelos sinais. O que me parece ser <strong>um</strong>a<br />

questão relevante a ser investigada – porque encobre parte importante da<br />

história – é a <strong>de</strong> que os autores que se <strong>de</strong>bruçam sobre o Congresso<br />

<strong>de</strong>senvolvem suas críticas com base nas suas resoluções e<br />

recomendações, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> examinar o modo pelo qual as instituições<br />

<strong>de</strong>senvolveram seus <strong>projeto</strong>s educacionais <strong>para</strong> surdos pós-Milão (I<strong>de</strong>m,<br />

p.105)<br />

Skliar (1997), assim como Rocha (2010), enten<strong>de</strong> que o Congresso <strong>de</strong> Milão jamais<br />

po<strong>de</strong>ria exercer o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> traçar os r<strong>um</strong>os da <strong>educação</strong> mundial dos surdos.<br />

Para o autor, a i<strong>de</strong>ologia oralista já era dominante e “(...) não po<strong>de</strong> ser compreendida<br />

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