A construção de um projeto de educação bilíngue para
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Capítulo 1<br />
A CONSTRUÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA<br />
1.1. Os <strong>de</strong>scaminhos e o <strong>de</strong>spontar <strong>de</strong> <strong>um</strong>a pesquisa<br />
O processo <strong>de</strong> <strong>construção</strong> da presente pesquisa <strong>de</strong> dissertação não se <strong>de</strong>u <strong>de</strong> <strong>um</strong>a<br />
forma simples, pelo contrário, percorri <strong>um</strong> caminho tortuoso, mas, <strong>para</strong>doxalmente, muito<br />
enriquecedor <strong>para</strong> minha trajetória acadêmica.<br />
Entrei no programa <strong>de</strong> pós-graduação da UFRJ muito convicta sobre o que queria<br />
estudar e pesquisar, superestimando minha longa experiência adquirida na área da<br />
<strong>educação</strong> <strong>de</strong> surdos. Assim, a expectativa que nutria era a <strong>de</strong> repensar a inclusão dos<br />
discentes surdos na re<strong>de</strong> regular <strong>de</strong> ensino partindo-se do olhar <strong>de</strong> <strong>um</strong>a professora que<br />
trabalha em <strong>um</strong>a escola especializada.<br />
Foi assim que me integrei a <strong>um</strong> grupo <strong>de</strong> pesquisa na referida universida<strong>de</strong> e iniciei<br />
meus primeiros contatos com os fundamentos da <strong>educação</strong> inclusiva buscando me inserir<br />
nessas discussões. A inclusão era vista por esse grupo, a partir da perspectiva teórica <strong>de</strong><br />
Booth & Ainscow (2002) e Santos (2003), como <strong>um</strong> “movimento social e <strong>um</strong> processo<br />
trialético <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e luta contra as variadas, visíveis e invisíveis, exclusões que<br />
acontecem nas arenas sociais, em particular ao campo educacional” (SANTOS, 2010).<br />
Não pu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> perceber o quanto a <strong>educação</strong> inclusiva estava inscrita n<strong>um</strong><br />
discurso “politicamente correto”. Quem po<strong>de</strong>ria se opor a <strong>um</strong>a retórica baseada em “<br />
valores igualitários expressos em diversas <strong>de</strong>clarações mundiais como a Declaração dos<br />
Direitos H<strong>um</strong>anos” (SANTOS & PAULINO, 2006, p.11) e que “busca, por princípio<br />
básico, a minimização <strong>de</strong> todo e qualquer tipo <strong>de</strong> exclusão em arenas educacionais? (I<strong>de</strong>m.,<br />
p.12)<br />
Assim é que, no plano filosófico, me aproximava dos preceitos que envolviam a<br />
teoria da inclusão educacional. Em contrapartida, lidando com a realida<strong>de</strong> empírica, sendo<br />
<strong>um</strong>a professora que leciona n<strong>um</strong>a escola <strong>de</strong> surdos, não consigo apoiar políticas<br />
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