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A construção de um projeto de educação bilíngue para

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também era <strong>um</strong> dos objetivos <strong>de</strong>sse método ainda que estivesse na <strong>de</strong>pendência da aptidão<br />

<strong>para</strong> a fala que o surdo <strong>de</strong>monstrasse. Por outro lado, o método alemão, bem mais rígido<br />

em termos <strong>de</strong> exigência e disciplina a que expunha os surdos, enfatizava, sobretudo, a<br />

oralização, não permitindo a circulação <strong>de</strong> linguagem gestual por parte dos mesmos, pois<br />

esta era vista como prejudicial à aprendizagem da língua oficial (CAPOVILLA, 2000).<br />

A partir <strong>de</strong>sse momento aparecerão, <strong>de</strong> forma explícita, as diferenças entre os<br />

métodos oralista e gestualista, ainda que ambos tivessem como foco o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

linguagem e secundarizassem a instrução dos aprendizes surdos. Contudo, <strong>para</strong> Souza<br />

(1995, p.76), os dois mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> ensino ensejavam propostas i<strong>de</strong>ologicamente<br />

reabilitadoras: “<strong>para</strong> os oralistas, os surdos eram enfermos organicamente, e os<br />

gestualistas, por seu turno, não conseguiram superar <strong>um</strong>a atitu<strong>de</strong> linguística etnocentrada”.<br />

Esses dois <strong>projeto</strong>s <strong>de</strong> ensino dominavam o cenário escolar dos surdos no século<br />

XVIII e começaram a concorrer acintosamente pela sua hegemonia na <strong>educação</strong> <strong>de</strong>sses<br />

discentes.<br />

(...) Os primeiros [os a<strong>de</strong>ptos do oralismo] exigiam que os surdos se<br />

reabilitassem, que superassem sua sur<strong>de</strong>z, que falassem e, <strong>de</strong> certo modo,<br />

que se comportassem como se não fossem surdos (...) Impuseram a<br />

oralização <strong>para</strong> que os surdos fossem aceitos socialmente e, nesse<br />

processo, <strong>de</strong>ixava-se a imensa maioria dos surdos <strong>de</strong> fora <strong>de</strong> toda a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento pessoal e <strong>de</strong> integração na socieda<strong>de</strong>,<br />

obrigando-os a se organizar <strong>de</strong> forma quase clan<strong>de</strong>stina. Os segundos,<br />

gestualistas, eram mais tolerantes diante das dificulda<strong>de</strong>s do surdo com a<br />

língua falada e foram capazes <strong>de</strong> ver que os surdos <strong>de</strong>senvolviam <strong>um</strong>a<br />

linguagem que, ainda que diferente da oral, era eficaz <strong>para</strong> a comunicação<br />

e lhes abria as portas <strong>para</strong> o conhecimento da cultura, incluindo aquele<br />

dirigido <strong>para</strong> a língua oral (LACERDA, 1998, p. 69).<br />

Foi, pois, nesse contexto <strong>de</strong> disputas que no ano <strong>de</strong> 1878 aconteceu o I Congresso<br />

Internacional sobre Instrução <strong>de</strong> Surdos, em Paris, e on<strong>de</strong> esses professores/pedagogos<br />

pu<strong>de</strong>ram encontrar <strong>um</strong> espaço <strong>para</strong> divulgar seus métodos <strong>de</strong> ensino, o oralista e o<br />

gestualista, fazendo a <strong>de</strong>fesa dos mesmos a partir dos resultados obtidos por seus alunos.<br />

Para Lacerda (1998), a consequência imediata <strong>de</strong>sse evento não se <strong>de</strong>u no campo da<br />

<strong>educação</strong>, propriamente, ainda que o método oral tivesse mais a<strong>de</strong>ptos, mas sim no âmbito<br />

dos direitos, ou seja, a permissão oficial <strong>para</strong> que os surdos pu<strong>de</strong>ssem assinar doc<strong>um</strong>entos<br />

diversos. No entanto, a expectativa <strong>de</strong> integração social ainda estava longe <strong>de</strong> ser<br />

alcançada.<br />

Porém, temos também <strong>um</strong> indício <strong>de</strong> que os gestualistas estavam logrando<br />

resultados favoráveis quando o aba<strong>de</strong> Charles Michel <strong>de</strong> L‟Epée fundou no ano <strong>de</strong> 1729,<br />

em Paris, a primeira escola pública <strong>para</strong> surdos do mundo, o Instituto Nacional <strong>de</strong> Paris<br />

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