08.05.2013 Views

A construção de um projeto de educação bilíngue para

A construção de um projeto de educação bilíngue para

A construção de um projeto de educação bilíngue para

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

escolarização visto que a própria política <strong>de</strong> inclusão preconizada pelo Estado não permitiu<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>um</strong>a política linguística curricular e cultural que <strong>de</strong>sconstrua o<br />

discurso historicamente estabelecido sobre os surdos e a sur<strong>de</strong>z calcados na matriz da<br />

<strong>de</strong>ficiência.<br />

Para Skliar (2005), a falta ou inconsistência <strong>de</strong> <strong>um</strong>a política linguística <strong>para</strong> alunos<br />

surdos enraizadas nas representações que até hoje habitam o imaginário coletivo, ou seja,<br />

<strong>de</strong> que os sujeitos surdos vêm sempre acompanhados <strong>de</strong> <strong>um</strong>a falta, <strong>de</strong> <strong>um</strong> déficit, que por<br />

si só seria a causa do seu fracasso escolar.<br />

Para o autor,<br />

o que fracassou na <strong>educação</strong> <strong>de</strong> surdos foram as representações<br />

ouvintistas acerca do que é o sujeito surdo, quais são os seus direitos<br />

linguísticos e <strong>de</strong> cidadania, quais são as teorias <strong>de</strong> aprendizagem que<br />

refletem as condições cognitivas dos surdos, quais as epistemologias do<br />

professor ouvinte na sua aproximação com os alunos surdos, quais são os<br />

mecanismos <strong>de</strong> participação das comunida<strong>de</strong>s surdas no processo<br />

educativo, etc.” (SKLIAR,2005 p.18)<br />

Desta forma, a história da <strong>educação</strong> <strong>bilíngue</strong> no Brasil não escapa aos conflitos<br />

tecidos por relações <strong>de</strong>siguais <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r em que programas <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>bilíngue</strong> não são<br />

financiados pelo Estado, principalmente o observado no caso da <strong>educação</strong> <strong>de</strong> surdos.<br />

Res<strong>um</strong>idamente foram essas convicções que me acompanharam durante todas as<br />

discussões que diziam respeito à <strong>educação</strong> <strong>de</strong> surdos no grupo <strong>de</strong> estudos e pesquisa que<br />

estava integrando. Foram necessários sete longos meses e as aulas com os professores do<br />

programa, principalmente com a prof. Libânia Nacif Xavier, <strong>para</strong> que eu enten<strong>de</strong>sse que<br />

estava sendo capturada por <strong>um</strong>a armadilha muito com<strong>um</strong> que se investe contra alunos (que<br />

exercem a profissão docente) que ainda não conseguiram tomar distância do objeto <strong>de</strong><br />

pesquisa, se <strong>de</strong>slocando da posição <strong>de</strong> professor <strong>para</strong> a <strong>de</strong> pesquisador do campo<br />

educacional.<br />

Com a reflexão crítica compreendi que a temática inicial <strong>de</strong> minha pesquisa estava<br />

sendo fundamentada por convicções, e não por indagações.<br />

Para Brandão (2010 a, p.850) existe <strong>um</strong>a linha tênue que se<strong>para</strong> as trajetórias dos<br />

agentes em diferentes campos no espaço social. Seu olhar sobre essa questão fica claro no<br />

trecho abaixo:<br />

(...) não me parece haver legitimida<strong>de</strong> <strong>para</strong> a ingerência i<strong>de</strong>ológica no<br />

âmbito da produção <strong>de</strong> conhecimento acadêmico. Defendo que, no campo<br />

científico, a curiosida<strong>de</strong> e a indagação, e o escrutínio racional da<br />

realida<strong>de</strong> são os móveis legítimos do ofício do pesquisador.<br />

28

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!