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A construção de um projeto de educação bilíngue para

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premente que esta proposta fizesse parte do escopo teórico-metodológico do Plano Político<br />

Pedagógico.<br />

Demonstrando <strong>um</strong> senso <strong>de</strong> jogo, tal qual é entendido por Bourdieu, <strong>um</strong>a das<br />

gestoras relatou que a cobrança do MEC <strong>para</strong> que o Instituto apresentasse o Projeto<br />

Político Pedagógico em 1997, exigência da Lei <strong>de</strong> Diretrizes e Bases, foi vista como “<strong>um</strong>a<br />

excelente forma <strong>de</strong> lidar positivamente com a pressão”, ou seja, aproveitar o momento<br />

sócio-histórico e político <strong>para</strong> viabilizar a <strong>construção</strong> do Projeto <strong>bilíngue</strong>. Novamente as<br />

gestoras utilizaram <strong>de</strong> estratégias a fim <strong>de</strong> conservar o po<strong>de</strong>r na forma da legitimação do<br />

<strong>projeto</strong> que <strong>de</strong>fendiam e que vinha sendo vitorioso nas lutas concorrenciais do campo<br />

social.<br />

Porém, ainda que gran<strong>de</strong> parte dos agentes escolares ansiasse por mudanças<br />

estruturais, as gestoras em alguns momentos também usavam do po<strong>de</strong>r outorgado a elas<br />

<strong>para</strong> impingir <strong>um</strong> quant<strong>um</strong> <strong>de</strong> violência simbólica. Para Bourdieu (1980 apud Nogueira &<br />

Catani, 2007, p.69), ainda que o capital coletivo possa ser concentrado em alguns agentes<br />

e, assim, ter o respaldo do grupo, essa li<strong>de</strong>rança “po<strong>de</strong> exercer sobre o grupo (e em certa<br />

medida contra o grupo) o po<strong>de</strong>r que o grupo lhe permite concentrar”.<br />

Os embates ocorridos na equipe <strong>de</strong> língua portuguesa e estendidos a todas as<br />

equipes do INES a respeito da oposição <strong>de</strong> parte dos professores às novas propostas<br />

curriculares, talvez possa ter raízes nos conflitos interpessoais, conforme foi aventado por<br />

alguns entrevistados como nos mostra o <strong>de</strong>poimento da professora H 107 :<br />

(...) a <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguns <strong>projeto</strong>s está muito relacionada às<br />

questões <strong>de</strong> relacionamento. Eu acho que esses problemas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>riam ter alg<strong>um</strong>a coisa a ver com concepções <strong>de</strong><br />

ensino, mas que não se limitavam a isso... Em que ambiente você<br />

encontra unanimida<strong>de</strong>? As pessoas têm suas histórias, elas se constituem<br />

n<strong>um</strong>a lógica, n<strong>um</strong>a estrutura do passado e foram orientadas por tais e tais<br />

pessoas. (...) Acho que em vários momentos as coisas ficaram muito<br />

difíceis e eu não creio que essas pessoas nada tivessem a dizer e acabou<br />

ficando muito no campo pessoal mesmo.<br />

Não obstante a inabilida<strong>de</strong> dos gestores em administrar os relacionamentos inter e<br />

intrapessoais, talvez tenha contribuído <strong>para</strong> a <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> do <strong>projeto</strong> político a partir<br />

<strong>de</strong> 1999 o fato <strong>de</strong> que o i<strong>de</strong>ário do oralismo não conseguiu mais se ocultar na nova<br />

roupagem da <strong>educação</strong> <strong>bilíngue</strong>. Para os agentes imersos na realida<strong>de</strong> institucional, sujeitos<br />

históricos <strong>de</strong>sse processo, foi possível constatar a força da tradição oralista que ainda não<br />

po<strong>de</strong>ria ser subjugada pelo <strong>projeto</strong> inovador, o <strong>bilíngue</strong>, apesar <strong>de</strong> todas as estratégias<br />

107 H é professora do INES e conce<strong>de</strong>u entrevista à autora em 08 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2011.<br />

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