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A construção de um projeto de educação bilíngue para

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todo o investimento da instituição em cursos e consultorias, esse <strong>projeto</strong>, após quatro anos,<br />

ainda não promovera a aprendizagem da língua portuguesa pretendida (INES, 2000).<br />

Essas professoras também colocaram em dúvida o ineditismo do <strong>projeto</strong> como<br />

po<strong>de</strong>mos perceber no trecho capturado:<br />

Vale lembrar a semelhança da proposta em questão com a disciplina<br />

Linguagem em nosso passado recente, aqui, no INES [grifo meu].<br />

Cabe perguntar: como o INES ensina aos seus alunos? A resposta é: o<br />

conhecimento da prática pedagógica <strong>de</strong>sta casa, efetivada ao longo <strong>de</strong><br />

muitos e muitos anos, on<strong>de</strong> os professores fazem tudo o que po<strong>de</strong>m,<br />

lançam mão <strong>de</strong> todos os recursos disponíveis (incluindo os alunos mais<br />

competentes <strong>para</strong> auxiliar no <strong>de</strong>senrolar do processo ensinoaprendizagem)<br />

nos faz concluir sobre o trabalho da vanguarda <strong>de</strong>sta<br />

Instituição em relação à visão sócio-interacionista e à qualida<strong>de</strong> do ensino<br />

(INES, 2000, p. 2)<br />

Po<strong>de</strong>-se observar no discurso acima <strong>um</strong> enaltecimento do passado do INES, e com<br />

ele o i<strong>de</strong>ário do oralismo, mesmo que não exista por parte <strong>de</strong>ssas professoras <strong>um</strong>a<br />

consciência <strong>de</strong>ssas representações arraigadas em suas visões <strong>de</strong> ensino-aprendizagem.<br />

Nesse sentido, a meu ver, a raiz das divergências entre os dois <strong>projeto</strong>s situa-se no campo<br />

i<strong>de</strong>ológico. Em função disso o <strong>projeto</strong> inovador não encontrava eco entre esses professores.<br />

A consultora Alice Freire apresenta outro olhar <strong>para</strong> a questão e atribui esses<br />

conflitos à <strong>construção</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong>a nova estrutura <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>mandada pelo <strong>projeto</strong> <strong>bilíngue</strong><br />

que redimensionou as rotinas escolares e os horários <strong>de</strong> aulas dos alunos e, principalmente,<br />

dos professores. Para ela as divergências entre os professores não se situavam no campo<br />

i<strong>de</strong>ológico, contrariamente ao que conjeturo. Acompanhemos o seu relato:<br />

E foi montado <strong>um</strong> horário, só que a ativida<strong>de</strong> saiu daquele “horariozinho”<br />

que as pessoas queriam, pois o trabalho em níveis é <strong>um</strong>a experiência<br />

muito trabalhosa. Nesse trabalho você não está só com a sua turma<br />

fazendo o que quer (...) e mexeu com pessoas que estavam acomodadas<br />

(...) Então não foi <strong>um</strong>a questão i<strong>de</strong>ológica <strong>de</strong> quem se antagoniza com<br />

<strong>de</strong>terminado <strong>projeto</strong> e é isso o que eu acho mais triste, por isso eu<br />

entendo a frustração dos professores que acreditavam nesse trabalho.<br />

Porque elas estavam vendo que aquelas pessoas não estavam <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo<br />

outra linha <strong>de</strong> trabalho, elas, na verda<strong>de</strong>, estavam <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo sua<br />

comodida<strong>de</strong>.<br />

Para parte da equipe <strong>de</strong> língua portuguesa a favor da implementação do <strong>projeto</strong> <strong>de</strong><br />

ensino do português como segunda língua o nivelamento não era visto como <strong>um</strong>a ação que<br />

visava “complicar” a vida ou horário dos professores, pois, segundo elas “nossa motivação<br />

ao propor os níveis não foi a da comodida<strong>de</strong> dos professores (inclusive a nossa) nem a<br />

facilitação da montagem do horário. Não nos cabe pensar nosso trabalho em termos<br />

administrativos e sim pedagógicos” (INES, 2000, p. 2).<br />

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