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A construção de um projeto de educação bilíngue para

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grupo que é, no dizer <strong>de</strong> Nogueira & Nogueira (2006, p.51), “o prestígio ou a boa<br />

reputação que <strong>um</strong> indivíduo possui n<strong>um</strong> campo específico ou na socieda<strong>de</strong> em geral. Esse<br />

conceito se refere, em outras palavras, ao modo como <strong>um</strong> indivíduo é percebido pelos<br />

outros”.<br />

Portanto, o vol<strong>um</strong>e <strong>de</strong>sses capitais que po<strong>de</strong> ser visto, à luz <strong>de</strong> De Certeau (2009),<br />

como táticas possibilitou que os docentes explorassem brechas do sistema <strong>para</strong> irem se<br />

infiltrando, mas sem impor o domínio, permitindo que as li<strong>de</strong>ranças pelo movimento <strong>de</strong><br />

transformação curricular, político e conceitual da sur<strong>de</strong>z e dos surdos pu<strong>de</strong>ssem galgar<br />

posições dominantes na hierarquia social da instituição.<br />

Acompanhemos o relato da professora Q 102 que traduz a força do capital<br />

visl<strong>um</strong>brado como tática:<br />

Rosita Edler [ex secretária <strong>de</strong> <strong>educação</strong> especial e assessora da direção<br />

geral à época] percebeu que Silvia Pedreira era <strong>um</strong>a pessoa inteligente,<br />

<strong>um</strong>a li<strong>de</strong>rança mesmo e <strong>de</strong>u força e autonomia <strong>para</strong> ela. Enquanto Rosita<br />

trabalhou aqui ela teve <strong>um</strong> po<strong>de</strong>r muito gran<strong>de</strong>, primeiro porque ela é<br />

<strong>um</strong>a intelectual, <strong>um</strong>a pessoa respeitada, não só por ter tido <strong>um</strong> cargo<br />

importante no MEC, mas porque tinha embasamento, livros e artigos<br />

publicados. Uma pesquisadora da área e <strong>um</strong>a mulher super experiente<br />

politicamente.<br />

Decerto, houve <strong>um</strong> compartilhar <strong>de</strong> percepções e apreciações (no dizer <strong>de</strong> Bourdieu<br />

<strong>um</strong> habitus em com<strong>um</strong>) entre as li<strong>de</strong>ranças docentes e <strong>um</strong> agente que outrora engrossara o<br />

discurso oficial em <strong>de</strong>fesa da inclusão, por exercer cargo no governo. Este fato foi<br />

ardilosamente percebido pelas primeiras que, se<strong>de</strong>ntas por transformações estruturais na<br />

<strong>educação</strong> <strong>de</strong> surdos, perceberam que precisariam se aliar a agentes que dispusessem <strong>de</strong><br />

força política <strong>para</strong> “investir” nessas mudanças.<br />

Novamente nos servimos do <strong>de</strong>poimento da professora Q 103 , que exemplifica <strong>de</strong><br />

forma clara como o agente que possui senso <strong>de</strong> jogo sabe utilizar seu vol<strong>um</strong>e <strong>de</strong> capital<br />

<strong>para</strong> divisar aliados que representavam a força política necessária <strong>para</strong> as mudanças.<br />

Debrucemos-nos sobre seu relato:<br />

102 I<strong>de</strong>m.<br />

103 I<strong>de</strong>m<br />

(...) aquela que era Secretária <strong>de</strong> Educação Especial <strong>de</strong>pois que saiu da<br />

Secretaria veio trabalhar aqui no INES como assessora da professora<br />

Leni. E tem <strong>um</strong> fato muito <strong>para</strong>doxal, pois apesar <strong>de</strong> Rosita Edler ter o<br />

discurso da inclusão e ter sido <strong>um</strong>a pessoa do governo, ela foi <strong>um</strong>a<br />

pessoa fundamental <strong>para</strong> alg<strong>um</strong>as renovações [grifo meu]. Era <strong>um</strong>a<br />

mulher profundamente inteligente e, apesar <strong>de</strong> não dizer, percebíamos<br />

(...) que ela tinha a mesma visão que nós sobre o INES.<br />

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