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A construção de um projeto de educação bilíngue para

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avaliado o trabalho ou é só <strong>um</strong>a questão <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo? E eu acho que os surdos precisam da<br />

linguagem oral, tudo bem, mas como você vai resolver isso? Como você vai garantir isso?<br />

G: Nós temos ainda muita necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adjetivar o nosso ensino, então <strong>um</strong>a preocupação<br />

do INES é dizer que tem <strong>um</strong> ensino <strong>bilíngue</strong>. Como você percebe essa questão?<br />

E: Eu achei que esta adjetivação da <strong>educação</strong> serviria <strong>para</strong> <strong>um</strong>a época <strong>para</strong> se fazer<br />

oposição às outras formas da <strong>educação</strong> especial <strong>para</strong> surdos que eles se <strong>de</strong>finiam como<br />

<strong>educação</strong> oral ou comunicação total, pois tinham tantos métodos rolando na época que eu<br />

achava que adjetivando a gente se diferenciaria <strong>de</strong> outras formas. Escolas <strong>para</strong> surdos <strong>para</strong><br />

mim remete automaticamente <strong>para</strong> <strong>um</strong>a <strong>educação</strong> <strong>bilíngue</strong> , mas ainda parece que é preciso<br />

pela questão formal e pela questão das verbas , dos recursos h<strong>um</strong>anos, porque se você não<br />

fala do <strong>bilíngue</strong> então você não tem professores <strong>bilíngue</strong>s , então é até estrategicamente<br />

necessário <strong>para</strong> os recursos h<strong>um</strong>anos e <strong>para</strong> o pessoal que vai trabalhar porque se a escola é<br />

<strong>bilíngue</strong> precisa <strong>de</strong> professores <strong>bilíngue</strong>s , então alguns lugares no mundo trabalharam com<br />

essa idéia <strong>de</strong> <strong>bilíngue</strong> não <strong>para</strong> adjetivar a <strong>educação</strong> , mas <strong>para</strong> <strong>de</strong>finir a condição da<br />

comunida<strong>de</strong>.<br />

G: Que lugares são esses?<br />

E: Muitos lugares: Espanha, França, Itália... Ainda hoje eles existem como práticas<br />

<strong>bilíngue</strong>s porque constitucionalmente serviam <strong>para</strong> eles essa <strong>de</strong>finição, então na <strong>educação</strong><br />

<strong>bilíngue</strong> do país ficou a <strong>educação</strong> indígena, <strong>educação</strong> <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>as minorias, e entrando<br />

nesses programas a gente conseguiu outro tipo <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s, mas também fomos<br />

muito mal interpretados quando pensamos nisso porque muitos acharam que a gente<br />

pensava que os surdos eram indígenas porque, literalmente, a nossa representação dos<br />

surdos era como se fosse a dos índios. A gente falava que não, que na época muitas<br />

comunida<strong>de</strong>s indígenas também estavam sendo objeto <strong>de</strong> discussão, e que então a gente<br />

achava que era a mesma situação, que o individuo não podia ser intuído sem <strong>um</strong> <strong>projeto</strong><br />

comunitário, era nesse sentido que eu <strong>de</strong>fini aquela situação. Sempre que lhe dizem <strong>um</strong>a<br />

palavra é porque falta a ação daquela palavra, por isso todo mundo fala <strong>de</strong> inclusão<br />

G: A inclusão não existe?<br />

E: Não existe, não existe, não existe mesmo [ênfase]. Quando você fala com o seu marido<br />

você não fala <strong>de</strong> inclusão, não precisa <strong>de</strong>ssa palavra, quando você fala com <strong>um</strong>a amiga<br />

você não fala <strong>de</strong> inclusão, você fala da inclusão quando ela não acontece, você fala da<br />

tolerância quando ela não existe, são palavras típicas cuja pronunciação acontece porque a<br />

ação que <strong>de</strong>screve não aparece, se houvesse inclusão você não precisava falar, isso é <strong>um</strong>a<br />

linguagem muito estranha <strong>para</strong> mim, então se diz é porque não acontece, é isso.<br />

G: Muito obrigada pela entrevista.<br />

E: Eu que agra<strong>de</strong>ço....<br />

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