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A construção de um projeto de educação bilíngue para

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se encontram arraigadas “(...) no discurso do MEC e das universida<strong>de</strong>s e na vida das<br />

instituições o surdo é conhecido como <strong>um</strong> sujeito <strong>de</strong>ficiente e aqui no INES também é<br />

assim”.<br />

Desta forma, <strong>para</strong> o pesquisador<br />

Não basta só dizer que o surdo não é <strong>de</strong>ficiente, porque ele está <strong>de</strong>ntro do<br />

discurso da <strong>de</strong>ficiência. Não estou dizendo que “o surdo é <strong>um</strong> <strong>de</strong>ficiente”,<br />

estou dizendo que a sur<strong>de</strong>z está <strong>de</strong>ntro das práticas e do discurso da<br />

<strong>de</strong>ficiência. Temos que saber quanto do nosso currículo passa por essa<br />

questão. Continuamos fazendo currículos, programas, <strong>de</strong>ixando o surdo<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse discurso, <strong>de</strong>ssa prática (I<strong>de</strong>m).<br />

Outro <strong>de</strong>safio abraçado pelas gestoras e materializado no PPP foi focalizar e<br />

enten<strong>de</strong>r a sur<strong>de</strong>z enquanto diferença am<strong>para</strong>da no reconhecimento político atribuído a<br />

essa minoria linguística, os surdos, que têm na língua <strong>de</strong> sinais não <strong>um</strong> meio, <strong>um</strong> mero<br />

recurso, mas “a língua da diferença que está totalmente i<strong>de</strong>ntificada com o sujeito” 111 .<br />

Assim, ass<strong>um</strong>indo-se o conceito <strong>de</strong> diferença preconizado por Skliar (2005),<br />

po<strong>de</strong>mos até contrapô-lo, em parte, ao conceito <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong>, astutamente, no dizer <strong>de</strong><br />

De Certeau, apropriado pelo discurso das políticas educacionais inclusivas, visto que quase<br />

sempre este mascara e neutraliza as possíveis consequências políticas da “inclusão” e<br />

coloca os outros sob <strong>um</strong> olhar paternalista com a intenção <strong>de</strong> normatização.<br />

Segundo Skliar (2005, p.6):<br />

a diferença, como significação política, é construída histórica e<br />

socialmente; é <strong>um</strong> processo e <strong>um</strong> produto <strong>de</strong> conflitos e movimentos<br />

sociais, <strong>de</strong> resistências à assimetrias <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e saber, <strong>de</strong> <strong>um</strong>a outra<br />

interpretação sobre a alterida<strong>de</strong> 112 e sobre o significado dos outros no<br />

discurso dominante.<br />

Com essa escolha política, e enten<strong>de</strong>ndo-se que o currículo está implicado em<br />

relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, a instituição estava se confrontando com o <strong>para</strong>digma da <strong>educação</strong><br />

especial que reproduz o fracasso da i<strong>de</strong>ologia dominante e se envereda na senda da visão<br />

assistencialista, sobretudo na patologização dos surdos em <strong>de</strong>trimento à escolarização<br />

<strong>de</strong>stes.<br />

Para Skliar (1999, p. 17) a modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong>nominada <strong>educação</strong> especial se<br />

caracterizava por ser <strong>um</strong> sub-produto da <strong>educação</strong> geral. Po<strong>de</strong>mos perceber toda a sorte <strong>de</strong><br />

111 I<strong>de</strong>m<br />

112 A partir da visão <strong>de</strong> Skliar (2005), po<strong>de</strong>mos conjeturar a alterida<strong>de</strong> como a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se colocar no<br />

lugar do outro na relação interpessoal, em consi<strong>de</strong>ração, valorização, i<strong>de</strong>ntificação e diálogo. A prática da<br />

alterida<strong>de</strong> se conecta aos relacionamentos tanto entre indivíduos como entre grupos culturais, religiosos,<br />

científicos, étnicos, etc. Na relação alteritária está sempre presente os fenômenos holísticos da<br />

complementarida<strong>de</strong> e da inter<strong>de</strong>pendência no modo <strong>de</strong> pensar, <strong>de</strong> sentir e <strong>de</strong> agir, em que as experiências<br />

particulares são preservadas sem que haja preocupação com a sobreposição, assimilação ou <strong>de</strong>struição <strong>de</strong>stas.<br />

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