A construção de um projeto de educação bilíngue para
A construção de um projeto de educação bilíngue para
A construção de um projeto de educação bilíngue para
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
acesso ao conhecimento consi<strong>de</strong>rado válido socialmente, objetivo perseguido por todo<br />
estudante?<br />
E: Eu sempre pensei que essa socieda<strong>de</strong> majoritária não existe, quer dizer que quando você<br />
fala da socieda<strong>de</strong> majoritária ouvinte você lá <strong>de</strong>ntro vai achar vários níveis diferentes,<br />
várias classes sociais diferentes, diferentes <strong>projeto</strong>s, diferentes histórias e que então não se<br />
trata tanto <strong>de</strong> com<strong>para</strong>r e <strong>de</strong> dizer que os surdos têm que ser como os ouvintes... Porque<br />
tem <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong> massa <strong>de</strong> ouvintes que não acontece nada com eles então me parecia que<br />
dar acesso às instituições públicas em geral era <strong>um</strong>a coisa boa <strong>para</strong> se fazer e que as<br />
condições e que os próprios surdos <strong>de</strong>cidissem o que fazer, por exemplo, falava-se muito<br />
que todos eles tinham que estudar pedagogia, que todos eles tinham que ser professores,<br />
que todos eles tinham que ensinar língua <strong>de</strong> sinais, mas a gente ainda precisava abrir esse<br />
horizonte mostrando <strong>para</strong> os surdos todas as possibilida<strong>de</strong>s que eles po<strong>de</strong>riam abraçar. A<br />
gente não po<strong>de</strong> mudar a condição <strong>de</strong> <strong>um</strong>a família, <strong>de</strong> <strong>um</strong> bairro, então não se trata tanto<br />
<strong>de</strong>ssa crença <strong>de</strong> mudar a vida do individuo porque a <strong>educação</strong> tem a ver com o singular,<br />
não tem a ver com o geral, então eu sempre tive a pretensão <strong>de</strong> contribuir <strong>para</strong> a<br />
singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong>les , abrindo as portas pelo privilégio que eu tinha, pela minha historia, <strong>de</strong><br />
abrir essas portas e <strong>de</strong>pois eles tinham que ser responsáveis pelo futuro <strong>de</strong>les, não era <strong>um</strong>a<br />
questão que eu podia planejar, pensar, imaginar... O futuro <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada <strong>um</strong>, <strong>de</strong> sua<br />
história pessoal. Então não dá <strong>para</strong> com<strong>para</strong>r ouvintes e surdos, são histórias <strong>para</strong> além da<br />
sur<strong>de</strong>z ou <strong>para</strong> além das pessoas...<br />
G: O que você acha que pô<strong>de</strong> colaborar <strong>para</strong> o plano político pedagógico do INES em<br />
termos <strong>de</strong> dimensão política e <strong>de</strong> fundamentação teórica? O que você suscitou com as suas<br />
discussões, ou seja, o que realmente apareceu nesse plano político pedagógico que foi fruto<br />
<strong>de</strong> sua consultoria?<br />
E: Não foi na época, foi tempo <strong>de</strong>pois que eu entendi que a gente estava participando da<br />
i<strong>de</strong>ia do político que era bem diferente <strong>de</strong> criar doc<strong>um</strong>entos, fazer relatórios, escrever o<br />
texto da nova política, mas criar o fato político , político-ético chamaria, <strong>de</strong> <strong>um</strong> novo<br />
relacionamento que as pessoas podiam escolher, então eu entendi a se<strong>para</strong>ção entre a<br />
política formal, a política tradicional, a política do ministério e o político, e como a gente<br />
po<strong>de</strong> criar <strong>um</strong> fato político fazendo eventos, assembléias, discutindo a todo tempo,<br />
escrevendo, abrindo universida<strong>de</strong>, ainda que não esteja escrito na lei a gente foi criando<br />
fatos políticos . Parece-me que esse tempo no INES foi mais <strong>um</strong> fato político do que <strong>um</strong>a<br />
política e então acho que esse foi o nosso papel e acho que é o que a gente podia fazer<br />
porque po<strong>de</strong>ríamos ter conseguido construir <strong>um</strong>a política se a Wilma tivesse sido eleita,<br />
mas não foi eleita e ai interrompeu <strong>um</strong> pouquinho o processo, mas o fato político ele<br />
existiu e vejo que ainda existe. As pessoas não esquecem do ato político , mas as políticas<br />
passam, mas os fatos políticos permanecem. Outro dia, no facebook, eu recebi <strong>um</strong> pedido<br />
da Patrícia, que está na FENEIS, <strong>para</strong> que eu fizesse <strong>um</strong> ví<strong>de</strong>o <strong>para</strong> a comemoração ou <strong>um</strong><br />
movimento em setembro que será feito pelos surdos... E ela coloca a importância que eu<br />
represento <strong>para</strong> os surdos brasileiros e eu respondi que não sabia <strong>de</strong>ssa minha<br />
importâsncia.... Então eu vou fazer esse ví<strong>de</strong>o falando das escolas <strong>bilíngue</strong>s e vou tentar<br />
voltar a esse momento, ainda que eu não esteja pensando em nada, mas eu vou tentar, vou<br />
154