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A construção de um projeto de educação bilíngue para

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por on<strong>de</strong> transitam discursos e práticas assimétricos quanto às relações <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r/saber que <strong>de</strong>terminam (SKLIAR, 1998, p.184).<br />

Basicamente, esses mo<strong>de</strong>los colocam em evidência a questão das línguas: língua <strong>de</strong><br />

sinais/língua oral.<br />

Para Skliar (2005, p.24), a oposição entre as línguas não <strong>de</strong>ve ser o conflito<br />

principal na <strong>educação</strong> <strong>de</strong> surdos, já que a linguagem possui <strong>um</strong>a estrutura que in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

da modalida<strong>de</strong>, seja esta auditivo-oral ou viso-gestual. Assim, “[...] a língua oral e a língua<br />

<strong>de</strong> sinais não constituem <strong>um</strong>a oposição, mas sim, canais diferentes <strong>para</strong> a transmissão e a<br />

recepção da capacida<strong>de</strong> – mental – da linguagem”.<br />

Desta forma, os movimentos dos alunos no INES, na década <strong>de</strong> 1990, mais do que<br />

reivindicar a entrada <strong>de</strong> <strong>um</strong>a língua viso-gestual no cenário instrucional da instituição,<br />

buscavam o reconhecimento do direito à aquisição da língua <strong>de</strong> sinais no universo escolar<br />

como forma <strong>de</strong> participarem efetivamente do <strong>de</strong>bate educativo, cultural, legal e <strong>de</strong><br />

cidadania em igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições com os ouvintes.<br />

Esse movimento pleiteava o fim do círculo vicioso que, segundo Skliar, reduz a<br />

<strong>educação</strong> <strong>de</strong> surdos, ao longo da história, a oposições binárias como:<br />

normalida<strong>de</strong>/anormalida<strong>de</strong>, saú<strong>de</strong>/patologia, ouvinte/surdo, maioria/minoria, etc que<br />

caracterizam seus mo<strong>de</strong>los clínicos ou mesmo sócio-antropológicos (SKLIAR, 2005).<br />

Para os surdos do INES e os professores que lutavam por transformações na escola<br />

contra o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ensino predominante, o oralista, urgia o fim <strong>de</strong>ssas representações e<br />

dicotomias e a <strong>de</strong>fesa por <strong>um</strong>a <strong>educação</strong> que contemplasse as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s surdas.<br />

Para Skliar (2005, p.33) “a <strong>construção</strong> das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da maior ou<br />

menor limitação biológica e sim <strong>de</strong> complexas relações linguísticas, históricas, sociais e<br />

culturais”. Porém, sabemos que os surdos, assim como os ouvintes, não são constituídos<br />

por <strong>um</strong> grupo homogêneo, daí a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se estabelecer processos uniformes <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificação <strong>para</strong> esses sujeitos.<br />

Na contemporaneida<strong>de</strong> ou na pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, como apontam autores como<br />

Bhabha (1991), Hall (1997), Woodward (2009) e Silva (2009), o sujeito possui <strong>um</strong>a<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> móvel, dinâmica e transformada nos sistemas culturais aos quais pertence e,<br />

segundo Skliar (1998, p.187), “a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s a partir <strong>de</strong> <strong>um</strong>a<br />

perspectiva política, coloca as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r no centro da discussão. Relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

que sugerem, obrigam, condicionam <strong>um</strong> certo olhar sobre a alterida<strong>de</strong>, sobre os „outros‟ “.<br />

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