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A construção de um projeto de educação bilíngue para

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A fim <strong>de</strong> enfrentar a nova realida<strong>de</strong> educacional recorri mais <strong>um</strong>a vez aos<br />

conhecimentos acadêmicos tentando encontrar na especialização em psicopedagogia,<br />

cursada na UFRJ, preceitos que supostamente dariam conta das especificida<strong>de</strong>s do<br />

processo <strong>de</strong> aprendizagem <strong>de</strong> qualquer indivíduo, inclusive dos surdos.<br />

Os autores que tratavam da psicogênese da escrita como Emília Ferreiro, Ana<br />

Teberosky, e seus seguidores, afirmavam categoricamente que <strong>para</strong> <strong>um</strong> indivíduo<br />

conseguir apren<strong>de</strong>r a ler e a escrever, necessita obrigatoriamente construir <strong>um</strong><br />

conhecimento <strong>de</strong> natureza conceitual: o que a escrita representa e como ela representa<br />

graficamente a linguagem.<br />

Mas o que eu po<strong>de</strong>ria supor acerca do processo <strong>de</strong> levantamento <strong>de</strong> hipóteses sobre<br />

a escrita daquele meu aluno com sur<strong>de</strong>z profunda? Ele elaborava hipóteses? De que forma<br />

esse processo se dava? Os alunos surdos po<strong>de</strong>riam ser alfabetizados? De que maneira? Não<br />

obstante aos meus estudos, não consegui na literatura psicopedagógica a articulação com a<br />

realida<strong>de</strong> do processo educacional dos discentes surdos.<br />

Somado a estas questões <strong>de</strong> cunho epistemológico, pedagógico e metodológico<br />

existia outro elemento complicador que fora o fato do meu ingresso na instituição, agosto<br />

<strong>de</strong> 1993, coincidir com o prenúncio <strong>de</strong> mudança na <strong>educação</strong> <strong>de</strong> surdos (no Brasil e no<br />

mundo), quando o mo<strong>de</strong>lo oralista 4 estava sendo confrontado pelo <strong>projeto</strong> <strong>bilíngue</strong> 5 ,<br />

fazendo com que o clima institucional ficasse muito tenso.<br />

As <strong>de</strong>fesas pelos métodos orais e pelos seus benefícios à formação acadêmica dos<br />

alunos eram preconizadas ainda por <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> professores, que tinham no<br />

ensino da linguagem oral <strong>um</strong> dos objetivos principais a serem alcançados no trabalho<br />

pedagógico.<br />

Mesmo conhecendo pouco daquela realida<strong>de</strong> educacional, achava que essas<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>terminavam <strong>um</strong>a relação restrita com a leitura/escrita pela falta <strong>de</strong><br />

estabelecimento <strong>de</strong> <strong>um</strong> “diálogo” com os textos.<br />

4 Para Perelló e Tortosa (1972 apud SOUZA, 1998, p.4), a i<strong>de</strong>ia central do oralismo “(...) é que o „<strong>de</strong>ficiente<br />

auditivo‟ sofre <strong>de</strong> <strong>um</strong>a patologia crônica, traduzida por lesão no canal auditivo e/ou em área cortical que,<br />

obstaculizando a „aquisição normal‟ da linguagem, <strong>de</strong>manda intervenções clínicas <strong>de</strong> especialistas, tidos<br />

como responsáveis quase únicos por „restituir a fala‟ a esse tipo <strong>de</strong> enfermo”.<br />

5 O <strong>projeto</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>bilíngue</strong> <strong>para</strong> surdos tem como principal fundamento que a língua <strong>de</strong> sinais <strong>de</strong>ve ser<br />

a base linguística (primeira língua ou L1) <strong>para</strong> o ensino- aprendizagem da linguagem escrita, que passa a ser<br />

concebida como segunda língua <strong>para</strong> os sujeitos surdos. O processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da L1 <strong>de</strong>ve ser<br />

realizado no contato com surdos adultos usuários da língua e participantes ativos do processo educacional <strong>de</strong><br />

seus pares e o ensino da L2 realizado como língua estrangeira (LACERDA & LODI, 2009, p.145).<br />

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