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A construção de um projeto de educação bilíngue para

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A abordagem interacionista, cuja concepção <strong>de</strong> língua remete à vertente teórica<br />

sociocultural, é por mim utilizada e está apoiada na proposta <strong>de</strong> Vygotsky (1984), que<br />

acredita que as funções mentais, <strong>de</strong>terminadas biologicamente, evoluem <strong>para</strong> funções mais<br />

complexas quando o indivíduo está em contato social com seus interlocutores, sendo essa<br />

evolução possível somente quando existe <strong>um</strong>a língua a ser compartilhada.<br />

Assim, <strong>de</strong>senvolvo na oficina <strong>de</strong> leitura 6 , ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>construção</strong> <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s e<br />

competências na leitura/escrita, tendo como língua instrucional a primeira língua dos<br />

discentes, a língua <strong>de</strong> sinais, adotando como base metodológica a teoria dos gêneros<br />

textuais, preconizada pelos PCNs, enten<strong>de</strong>ndo que <strong>um</strong> texto não é apenas <strong>um</strong>a forma, mas<br />

<strong>um</strong> portador legítimo <strong>de</strong> comunicação.<br />

Contudo, persistia <strong>um</strong>a tendência em meu olhar <strong>de</strong> “culpar” o passado,<br />

especialmente a abordagem oralista <strong>de</strong> ensino, pelos sucessivos fracassos escolares dos<br />

surdos, caindo na vala com<strong>um</strong> das análises superficiais e sem preocupação com a<br />

historicida<strong>de</strong> dos fatos.<br />

Ainda que, gradativamente, <strong>um</strong>a postura sectária vá dando lugar a <strong>um</strong>a mais<br />

reflexiva e mais crítica dos fatos, venho ass<strong>um</strong>indo posições políticas que têm influenciado<br />

fortemente minha prática pedagógica e que estão fundamentadas nas representações sobre<br />

os surdos e a sur<strong>de</strong>z que foram gestadas em ocasião das discussões que postulavam a<br />

<strong>construção</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>projeto</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>bilíngue</strong> <strong>para</strong> surdos no INES.<br />

E é justamente nessa não continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong>a política <strong>de</strong> formação dos agentes<br />

escolares em direção a essa abordagem <strong>de</strong> ensino que se localiza a raiz <strong>de</strong> minhas<br />

inquietações: por que as propostas <strong>bilíngue</strong>s <strong>de</strong> ensino que estão norteando o Plano Político<br />

Pedagógico da instituição há quase quinze anos, e que constam <strong>de</strong> <strong>um</strong> discurso oficial que<br />

é exteriorizado à comunida<strong>de</strong> circurdante, ainda não encontram eco nas ações pedagógicas<br />

da maioria do corpo docente? Ainda (co) existiria o i<strong>de</strong>ário oralista nas práticas dos<br />

professores ainda que o discurso <strong>bilíngue</strong> seja o evocado? Seria o bilinguismo entendido<br />

6 A Oficina <strong>de</strong> Leitura do SEF1 do CAP/INES surgiu na forma <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>projeto</strong> que apresentei à instituição, em<br />

2010, com a intenção <strong>de</strong> fazer face à <strong>de</strong>manda pela exposição dos alunos ao maior número possível <strong>de</strong><br />

variados gêneros escritos, a<strong>um</strong>entando-se o repertório <strong>de</strong> leitura dos mesmos. Esse espaço pedagógico<br />

também se propõe a refletir teoricamente os modos pelos quais esses aprendizes se apropriam das duas<br />

línguas, língua <strong>de</strong> sinais e língua portuguesa, percebidas como fenômenos dialógicos e i<strong>de</strong>ológicos<br />

contextualizados social e historicamente. Nesse sentido, as duas línguas são igualmente importantes <strong>para</strong> a<br />

formação acadêmica <strong>de</strong>sses discentes e encontram-se inscritas no mo<strong>de</strong>lo <strong>bilíngue</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>de</strong> surdos.<br />

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