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A construção de um projeto de educação bilíngue para

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A respeito <strong>de</strong>sse radicalismo atribuído ao grupo que estava no po<strong>de</strong>r o mesmo é<br />

justificado, e até mesmo visto como necessário no contexto reivindicatório vivido a partir<br />

<strong>de</strong> 1995, por <strong>um</strong>a das diretoras <strong>de</strong> <strong>de</strong>partamento do INES. A escolha que fizeram, com o<br />

apoio da maioria dos professores, pelo mo<strong>de</strong>lo <strong>bilíngue</strong>, necessitava ser ass<strong>um</strong>ida pela<br />

instituição. Acompanhemos os arg<strong>um</strong>entos da gestora em questão:<br />

E não convidamos ninguém <strong>de</strong> oralismo, ninguém <strong>de</strong> comunicação total,<br />

fomos acusados <strong>de</strong> <strong>um</strong> pensamento único, <strong>de</strong> radicais, <strong>de</strong> discriminar as<br />

outras maneiras <strong>de</strong> pensar (...) nós optamos, agora vamos ver essa opção<br />

e até o momento a gente não estava tendo nenh<strong>um</strong>a reação do<br />

professorado, que é o que mais interessa, e <strong>para</strong> bom enten<strong>de</strong>dor... A<br />

parte clínica realmente não nos interessava, então eu diria que o que mais<br />

interessa n<strong>um</strong>a instituição <strong>de</strong> <strong>educação</strong> é o professor e o aluno. Não<br />

estávamos vendo nenh<strong>um</strong>a reação dos professores falando que isso aqui<br />

está mal, está andando mal, que a direção está ruim, então o que nós<br />

fizemos? Uma gran<strong>de</strong> assembléia no auditório e chamamos todos os<br />

professores. Isso foi em 1998. E perguntamos: “É essa a direção, a<br />

<strong>educação</strong> <strong>bilíngue</strong> <strong>para</strong> surdos? Vocês estão topando isso ou não?” As<br />

pessoas se colocaram, levantaram o <strong>de</strong>do sim, a maioria levantou o <strong>de</strong>do,<br />

essa é a direção.<br />

Mas, ainda que a maioria do corpo docente se colocasse publicamente favorável às<br />

mudanças linguísticas e curriculares na <strong>educação</strong> <strong>de</strong> surdos, os conflitos no INES<br />

aconteciam como consequência do antagonismo conceitual entre mo<strong>de</strong>los pedagógicos que<br />

disputavam a hegemonia no cenário escolar. Nesse contexto <strong>de</strong> disputas acirradas entre<br />

tradição x inovação, as estratégias dos agentes que estão no comando ten<strong>de</strong>m a exibir<br />

comportamentos mais radicais sendo estes visl<strong>um</strong>brados como “excessos” próprios <strong>de</strong><br />

quem ocupa <strong>um</strong>a posição dominante nas relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. É a professora C 82 quem nos<br />

aponta esse modo <strong>de</strong> ver a questão:<br />

No ano <strong>de</strong> 1997, 98, o ano da tensão, falavam que a aula dada aqui<br />

era <strong>um</strong>a porcaria. “Vamos mudar tudo!” E o pessoal veio pra<br />

inventar a roda, jogar aquilo tudo fora. Ninguém prestava, nada era<br />

bom e vamos instaurar <strong>um</strong>a nova or<strong>de</strong>m, <strong>um</strong> novo homem, <strong>um</strong>a<br />

nova <strong>educação</strong> (...) Eu acho que as pessoas vieram com <strong>um</strong><br />

discurso muito violento. O problema é o seguinte, <strong>de</strong> repente todos<br />

que eram oralistas, e que eram fonoaudiólogos, viraram os<br />

bandidos da história com quem as pessoas tinham que se<br />

antagonizar e não negociar, conversar, trazer, seduzir <strong>para</strong> o seu<br />

<strong>projeto</strong>.<br />

As diretoras, cientes das criticas do grupo conservador “resistente às mudanças e<br />

que queriam manter aquela visão tradicional”, segundo <strong>um</strong>a das diretoras <strong>de</strong> <strong>de</strong>partamento,<br />

82 C é professora do INES e conce<strong>de</strong>u entrevista à autora em 10 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011.<br />

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