08.05.2013 Views

A construção de um projeto de educação bilíngue para

A construção de um projeto de educação bilíngue para

A construção de um projeto de educação bilíngue para

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

meu]. A língua brasileira <strong>de</strong> sinais saía, finalmente, da situação <strong>de</strong><br />

proibida e escondida <strong>para</strong> a condição <strong>de</strong> aceita e até <strong>de</strong> valorizada.<br />

Ainda que a comunicação total tenha a <strong>de</strong>svantagem <strong>de</strong> operar com <strong>um</strong>a linguagem<br />

artificial, que lembrava os sinais metódicos do século XVIII, em que a língua <strong>de</strong> sinais<br />

fosse consi<strong>de</strong>rada apenas como mais <strong>um</strong> recurso <strong>para</strong> se conseguir escolarizar o surdo, esta<br />

proposta <strong>de</strong> ensino teve o mérito <strong>de</strong> dissipar, se não por completo, pelo menos parte da<br />

atonia que reinava na <strong>educação</strong> <strong>de</strong> surdos por anos a fio no INES.<br />

Essa foi a oportunida<strong>de</strong> que os surdos e parte dos agentes educacionais precisavam<br />

<strong>para</strong> que a língua <strong>de</strong> sinais fosse valorizada na escola e não precisasse mais viver na<br />

clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> ou ao sabor das concessões <strong>de</strong> alguns professores. Fora o fato <strong>de</strong> que esta<br />

modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino já começava a contar com o respaldo institucional.<br />

A partir <strong>de</strong>sse momento, os alunos do INES e parte do corpo docente se sentiram<br />

mais confiantes <strong>para</strong> efetivamente começarem a reclamar explicitamente a entrada da<br />

língua <strong>de</strong> sinais no cenário educacional, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando <strong>um</strong>a série <strong>de</strong> conflitos e embates<br />

com os outros professores da instituição que ainda se mostravam resistentes a essa língua<br />

ou a aprendizagem da mesma, sentindo-se inseguros na nova relação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que seria<br />

instituída. Estes conflitos serão tratados no próximo capítulo à luz das teorias que<br />

fundamentam essa pesquisa.<br />

E 41 , <strong>um</strong> ex-aluno do INES empreen<strong>de</strong>u duras críticas ao oralismo e li<strong>de</strong>rou <strong>um</strong><br />

movimento entre os discentes com a intenção <strong>de</strong> pressionar a direção e os professores a<br />

aceitarem a entrada da língua <strong>de</strong> sinais no ensino <strong>de</strong>stinado a eles:<br />

O oralismo não tinha nenh<strong>um</strong>a vantagem <strong>para</strong> os alunos [emoção]! Mas<br />

eu sei hoje que as mudanças <strong>para</strong> acontecerem na <strong>educação</strong> <strong>de</strong>moram<br />

muitos anos. Mas o INES foi começando a aceitar a LIBRAS e foram<br />

surgindo cursos <strong>de</strong> língua <strong>de</strong> sinais. Quando começamos a reivindicar<br />

essas mudanças no INES as pessoas nos achavam muito radicais, mas<br />

acho que era o contrário: radicais eram os ouvintes que não <strong>de</strong>ixavam a<br />

gente se manifestar [emoção]!<br />

Para a professora C 42 o oralismo, tal como foi referido acima, nunca existiu <strong>de</strong> fato<br />

no INES. Para ela, a instituição sempre buscou <strong>de</strong>ntro do contexto sócio-histórico da<br />

época, concomitante com os limites e possibilida<strong>de</strong>s das condições institucionais, oferecer<br />

41 E é ex-aluno do INES, colaborou <strong>para</strong> a fundação do grêmio estudantil da instituição em 1993 e atualmente<br />

é professor <strong>de</strong> LIBRAS na instituição. Participou <strong>de</strong> vários <strong>projeto</strong>s e constitui-se como <strong>um</strong>a li<strong>de</strong>rança na<br />

comunida<strong>de</strong> surda.<br />

42 C é professora do INES e conce<strong>de</strong>u a entrevista à autora em 10 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011.<br />

78

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!