08.05.2013 Views

A construção de um projeto de educação bilíngue para

A construção de um projeto de educação bilíngue para

A construção de um projeto de educação bilíngue para

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O <strong>de</strong>poimento da professora A 30 traduz bem essas aspirações que começavam a<br />

tomar vulto no corpo docente, além da crescente <strong>de</strong>sconfiança <strong>de</strong>sses agentes escolares<br />

quanto à eficácia das práticas oralistas:<br />

O que acontecia era que alg<strong>um</strong>as pessoas já estavam ficando insatisfeitas<br />

com o oralismo, não viam resultados. Eu sempre trabalhei na <strong>educação</strong><br />

infantil (...) eu tentava todo dia fazer estimulação auditiva, variados<br />

exercícios <strong>para</strong> a estimulação da leitura labial, exercícios<br />

fonoarticulatórios: era vela, era bolinha <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> saquinho, tentando<br />

ludicamente fazer com que as crianças trabalhassem assim e eu não via<br />

resultado (...)<br />

A professora A também relata que, não obstante a seus esforços, as crianças<br />

chegavam ao final do ano com <strong>um</strong> vocabulário limitado. Porém o que mais a <strong>de</strong>poente se<br />

ressentia era <strong>de</strong> não po<strong>de</strong>r contar histórias <strong>para</strong> seus alunos <strong>de</strong> <strong>um</strong>a forma completa,<br />

inteligível já que a linguagem <strong>de</strong> sinais não era permitida em sala <strong>de</strong> aula, diferentemente<br />

da Gallau<strong>de</strong>t University 31 , em Washington, que teve a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer, on<strong>de</strong> os<br />

surdos podiam se expressar livremente em língua <strong>de</strong> sinais. Daí se originavam seus<br />

questionamentos: “por que a língua <strong>de</strong> sinais fazia os surdos adultos felizes, eles riam,<br />

contavam coisas, estavam ali todos animados e eu não podia fazer isso com as crianças?<br />

Como? Se na pedagogia a gente sabe que o que dá prazer funciona mais, estimula mais?”<br />

O <strong>de</strong>poimento da professora D 32 , também dá mostras do quanto o método oral e o<br />

ensino pautado no condicionamento operante “estímulo-resposta”, nessa década <strong>de</strong> 1980,<br />

não conseguiam favorecer <strong>um</strong> ensino significativo <strong>para</strong> os alunos:<br />

(...) era o método oral mesmo o mo<strong>de</strong>lo, on<strong>de</strong> o exemplo e até a<br />

recompensa eram estimulados e os professores acreditavam que dar <strong>um</strong>as<br />

balinhas po<strong>de</strong>ria resolver tudo... Então, <strong>para</strong> mim, na década <strong>de</strong> 80, vindo<br />

nesse movimento do Brasil atento às mudanças que vinham ocorrendo, do<br />

construtivismo, do sócio-construtivismo, eu achei aquela gente muito<br />

esquisita (...)<br />

Como a insatisfação <strong>de</strong> alguns professores começou a se avultar no INES,<br />

<strong>de</strong>nunciando <strong>um</strong>a situação real <strong>de</strong> baixa aprendizagem por parte dos alunos, a direção, em<br />

1987, exercida por Lenita <strong>de</strong> Oliveira Vianna, procurou promover as condições<br />

30 A era professora do INES e conce<strong>de</strong>u entrevista à autora em 24 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011.<br />

31 A Gallau<strong>de</strong>t University foi fundada em 1864 (inicialmente funcionava como <strong>um</strong>a escola <strong>para</strong> surdos) e é a<br />

única universida<strong>de</strong> privada do mundo cujos programas são realizados em língua <strong>de</strong> sinais americana (ASL) e<br />

o inglês é ensinado como segunda língua. Os alunos, em sua maioria, são surdos. Ver mais a respeito em<br />

www.gallau<strong>de</strong>t.edu<br />

32 D era professora do INES. A entrevista foi concedida à autora em 27 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2011.<br />

70

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!