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A construção de um projeto de educação bilíngue para

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(ROCHA, 1997). Esse período inscreve-se n<strong>um</strong>a época em que os i<strong>de</strong>ais h<strong>um</strong>anitários<br />

também possibilitavam a inserção dos surdos no campo da <strong>educação</strong> ainda que sendo<br />

vistos como indivíduos <strong>de</strong>ficientes e anormais.<br />

(...) Mas ao mesmo tempo em que o período mo<strong>de</strong>rno rompe o<br />

isolamento entre comunida<strong>de</strong>s, propicia intercâmbios, põe em contato<br />

culturas e povos diferentes, além <strong>de</strong> ativar os centros urbanos, acaba por<br />

atrair <strong>para</strong> as cida<strong>de</strong>s <strong>um</strong>a massa <strong>de</strong> camponeses. Estes, não tendo<br />

qualificação <strong>para</strong> serem incluídos nas novas relações <strong>de</strong> trabalho que se<br />

impõem na or<strong>de</strong>m econômica, acabam por engrossar as fileiras dos<br />

<strong>de</strong>sempregados. Na mesma medida começam a ser <strong>de</strong>senvolvidos<br />

estereótipos que <strong>de</strong>squalificam e <strong>de</strong>nigrem esse exce<strong>de</strong>nte h<strong>um</strong>ano. É<br />

nesse contexto que surgem os “<strong>de</strong>linquentes”, “loucos”, “improdutivos” e<br />

“<strong>de</strong>ficientes” (SOUZA, 1995, p.72).<br />

Para minimizar as suas <strong>de</strong>ficiências, e os problemas que po<strong>de</strong>riam causar à maioria<br />

da população, os ditos “anormais” são institucionalizados pelo estado mo<strong>de</strong>rno em prisões,<br />

manicômios, colégios internos e escolas especiais. Não é <strong>de</strong> se estranhar que justamente<br />

nesse período surjam as primeiras escolas especiais em que as práticas corretivas e<br />

medicalizantes, aliadas à disciplinarização do corpo e da mente, são legitimadas pela<br />

socieda<strong>de</strong> (SOUZA, 1995, p.73).<br />

A fundação <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>de</strong>sses institutos <strong>para</strong> crianças surdas, portanto, inscritas no<br />

discurso da “anormalida<strong>de</strong>”, era <strong>um</strong>a aspiração do surdo francês Ernest Huet, que veio <strong>para</strong><br />

o Brasil à época do Segundo Império, em 1857, pedir o apoio do imperador D. Pedro II<br />

<strong>para</strong> fundar “(...) <strong>um</strong>a casa <strong>de</strong> abrigo e ensino <strong>para</strong> surdos” (Revista Espaço, 1990).<br />

Desta forma, o Collegio Nacional <strong>para</strong> Surdos- Mudos <strong>de</strong> Ambos os Sexos foi<br />

fundado oficialmente no dia 26 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1857 através do artigo 16º da Lei nº 939 <strong>de</strong><br />

26.09.1857. Somente em 1957, após passar por vários en<strong>de</strong>reços 13 este instituto teve seu<br />

nome modificado <strong>para</strong> Instituto Nacional <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Surdos (INES).<br />

Em consonância com a era mo<strong>de</strong>rna que exortava a razão il<strong>um</strong>inista, e que trazia<br />

em seu bojo o <strong>para</strong>digma mecanicista cartesiano-newtoriano, o ensino se dava na<br />

perspectiva <strong>de</strong> alunos passivos, “tábula rasa”, que recebiam conhecimentos <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />

13 Segundo pesquisa realizada por Rocha (2010, p.11), o INES teve várias <strong>de</strong>nominações e en<strong>de</strong>reços até a<br />

sua instalação <strong>de</strong>finitiva na Rua das Laranjeiras, 232: “1856/1857- Collegio Nacional <strong>para</strong> Surdos-Mudos <strong>de</strong><br />

Ambos os Sexos. Rua dos Beneditinos, 8; 1857/1858- Instituto Imperial <strong>para</strong> Surdos-Mudos <strong>de</strong> Ambos os<br />

Sexos. Morro do Livramento- Entrada pela Rua São Lourenço; 1865/1866-Imperial Instituto dos Surdos-<br />

Mudos <strong>de</strong> Ambos os Sexos. Palacete do Campo da Acclamação, 49; 1866/1871-Imperial Instituto dos<br />

Surdos-Mudos <strong>de</strong> Ambos os Sexos. Chácara das Laranjeiras, 95; 1871/1874-Imperial Instituto dos Surdos-<br />

Mudos <strong>de</strong> Ambos os Sexos. Rua Real Gran<strong>de</strong>za, 4-Esquina da Voluntários da Pátria; 1874/1877- Instituto<br />

dos Surdos-Mudos. Rua Real Gran<strong>de</strong>za, 4- Esquina da Voluntários da Pátria; 1877/1890- Instituto dos<br />

Surdos-Mudos. Rua das Laranjeiras, 60; 1890/1957- Instituto Nacional <strong>de</strong> Surdos-Mudos. Rua das<br />

Laranjeiras, 82/232 (mudança <strong>de</strong> n<strong>um</strong>eração); 1957/atual- Instituto Nacional <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Surdos. Rua das<br />

Laranjeiras, 232.<br />

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