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A construção de um projeto de educação bilíngue para

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Desta forma, o campo se caracteriza por relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que dão visibilida<strong>de</strong> a<br />

dois pólos opostos <strong>de</strong> acordo com o vol<strong>um</strong>e <strong>de</strong> capital em jogo: o dos dominantes e dos<br />

dominados (ORTIZ, 1983).<br />

E, nesse caso, em 1994, os embates travados entre os agentes resultaram na saída da<br />

diretora pedagógica, Marilene Nogueira, que se aposentou, e a sua substituição temporária<br />

pela professora Sueli Fonseca.<br />

Para Bourdieu (1990, p.58-59) a escola reproduz, na maioria das vezes, a or<strong>de</strong>m<br />

social pelo fato <strong>de</strong> que “entre outras razões, os agentes têm o domínio <strong>de</strong> sua própria<br />

reprodução sendo o campo escolar submetido a forças externas”. Nesse sentido a tradição<br />

oralista ainda dava mostras <strong>de</strong> sua força forjada no <strong>para</strong>digma da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> que no<br />

Brasil, em 1994, ainda encontrava eco influenciando a visão <strong>de</strong> mundo dos agentes<br />

escolares.<br />

Porém, com a crise do <strong>para</strong>digma da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e o crescente ins<strong>um</strong>o <strong>de</strong> capital<br />

cultural dos professores que <strong>de</strong>fendiam o fim do oralismo, as lutas concorrenciais ficaram<br />

mais acirradas. Foi nesse contexto <strong>de</strong> disputas que no ano <strong>de</strong> 1995 através <strong>de</strong> eleição,<br />

ass<strong>um</strong>iu a direção pedagógica a professora Sílvia Pedreira que vinha se mostrando <strong>um</strong>a<br />

forte militante da causa dos alunos, ou seja, mostrava-se abertamente favorável à entrada<br />

da língua <strong>de</strong> sinais no cenário instrucional da instituição e ao mo<strong>de</strong>lo <strong>bilíngue</strong> <strong>de</strong> ensino,<br />

tal qual a professora Wilma Favorito que ass<strong>um</strong>iu a direção do DDHCT <strong>um</strong> ano <strong>de</strong>pois.<br />

As reivindicações dos alunos na década <strong>de</strong> 1990 já extrapolavam a entrada oficial<br />

da língua <strong>de</strong> sinais nas práticas pedagógicas. Agora era o <strong>projeto</strong> <strong>bilíngue</strong>, especificamente,<br />

que era exigido pela maioria dos alunos e parte dos professores. Foi nesse contexto<br />

reivindicatório que os alunos realizaram <strong>um</strong>a manifestação pública, planejada<br />

conjuntamente com os professores militantes, com o propósito <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>rem luta<br />

política pela adoção do <strong>projeto</strong> <strong>bilíngue</strong> e pelo fim da política <strong>de</strong> <strong>educação</strong> inclusiva que,<br />

segundo eles, não vinha acompanhada <strong>de</strong> <strong>um</strong>a política linguística que garantisse a língua<br />

<strong>de</strong> sinais como primeira língua e língua instrucional dos alunos surdos. Vejamos o relato<br />

do ex aluno F 80 :<br />

Foi então que resolvemos fazer <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong> manifestação quando<br />

começou a se discutir inclusão pela primeira vez em 1996. Chegamos a<br />

fazer <strong>um</strong>a passeata na Rua das Laranjeiras e <strong>para</strong>mos o trânsito <strong>para</strong><br />

reivindicar. Nessa época já reivindicávamos <strong>um</strong>a <strong>educação</strong> <strong>bilíngue</strong> <strong>para</strong><br />

os surdos. Teve até reportagem no jornal mostrando nossa passeata e<br />

distribuímos 1.400 prospectos explicando nossas reivindicações.<br />

80 F é ex aluno do INES e conce<strong>de</strong>u a entrevista à autora em 15 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2011.<br />

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