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Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

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apesar <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rá-lo estranho, e ainda exagerou no elogio: “O autor criou, com «Malês»,<br />

o romance negro no Brasil. Fez uma <strong>de</strong>scoberta daquelas que val<strong>em</strong> um tento” 11 .<br />

Hom<strong>em</strong> conservador e cultor <strong>de</strong> suas raízes aristocráticas, <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> tratou o<br />

t<strong>em</strong>a da rebelião <strong>de</strong> acordo com as expectativas <strong>de</strong> seus leitores. Saudou a l<strong>em</strong>brança <strong>de</strong><br />

um passado triunfante, e pouco disposto esteve a observar os processos <strong>de</strong> resistência,<br />

protagonizados pelo chamado el<strong>em</strong>ento servil. Assim, Chiacchio <strong>de</strong>staca a obra<br />

Não só pelo lado da veracida<strong>de</strong> cronológica, episódica, legendária, uma vez que<br />

a insurreição abortada dos negros, que recebeu o nome <strong>de</strong> Malês, não pesou<br />

como fato essencial, básico, prepon<strong>de</strong>rante, na evolução da nossa história,<br />

senão ainda como colorido prnturesco [sic] dos tipos, dos costumes e das<br />

maneiras no t<strong>em</strong>po. 12 [grifos meus]<br />

O crítico diminuiu a importância da participação dos negros tanto no livro quanto<br />

na história, limitando-os a servir<strong>em</strong> <strong>de</strong> pano <strong>de</strong> fundo às ações heróicas dos fidalgos que os<br />

tentaram liquidar. E continua:<br />

Em Malês está <strong>de</strong>senhada, retrospectivamente, a Bahia <strong>de</strong> 1835. A Bahia<br />

romântica dos bailados aristocráticos. A Bahia dos filósofos e poetas como o Dr.<br />

França e Moniz Barreto, dos quais há no livro tipificações magníficas. Era o<br />

t<strong>em</strong>po das ca<strong>de</strong>irinhas <strong>de</strong> arruar, das caleças <strong>de</strong> luxo, dos <strong>em</strong>poados fidalgos e<br />

das indumentárias versalhescas. 13<br />

Chiaccio tinha razão: não importavam os negros <strong>em</strong> Malês. A novela <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong><br />

<strong>Calmon</strong> servia antes para <strong>de</strong>stacar o papel vitorioso da aristocracia sobre uma “malta” <strong>de</strong><br />

rebel<strong>de</strong>s do que tratar propriamente dos africanos. “O drama <strong>de</strong> escravos revoltados é [...]<br />

um painel romântico” – esclareceu <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> logo <strong>em</strong> sua primeira página. Tratava-se<br />

a revolta, para ele, <strong>de</strong> apenas “o fundo do quadro, fielmente histórico, que dá o horizonte<br />

real, a referência, o amargo sabor da verda<strong>de</strong>” 14 . “O que me apaixonou”, disse ele, “foi o<br />

episódio, a guerra servil como <strong>em</strong> Roma <strong>de</strong> Spartacus, ameaçando a cida<strong>de</strong> <strong>em</strong> que havia<br />

11 CHIACCHIO, Carlos. “<strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>, o historiador e o novelista”. In: A TARDE. Salvador, 27 <strong>de</strong> abr.<br />

19<strong>33</strong>.<br />

12 Loc cit.<br />

13 Loc cit.<br />

14 Malês, p.153.<br />

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