Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...
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interessar mais, segundo um colega do jornal carioca GAZETA DE NOTÍCIAS, on<strong>de</strong><br />
começou a trabalhar <strong>em</strong> 1923 – mesmo ano da visita <strong>de</strong> Abbott ao país. <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong><br />
seria “literato, porém <strong>de</strong> outro gênero, mais pesquisador” 24 .<br />
“<strong>Calmon</strong>zinho”, como lhe chamavam os companheiros da redação, s<strong>em</strong>pre<br />
introduzia tópicos <strong>de</strong> história nos seus textos 25 . A predileção dos t<strong>em</strong>as comportava<br />
façanhas <strong>de</strong> heróis patrióticos 26 , a <strong>de</strong>fesa das artes nacionais e a pintura do cotidiano <strong>de</strong> um<br />
passado escravagista por entre as ruas e sobrados <strong>de</strong> Salvador e do Rio <strong>de</strong> Janeiro, ou nos<br />
engenhos do interior da Bahia.<br />
Através da análise da coleção <strong>de</strong> matérias <strong>de</strong> jornais, e <strong>de</strong> livros publicados nos<br />
anos 1920 – período inicial <strong>de</strong> sua produção – perceb<strong>em</strong>os a composição do painel <strong>de</strong> suas<br />
primeiras idéias acerca da formação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> brasileira e, principalmente, do papel<br />
exercido pelos africanos e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes neste processo. Mas antes <strong>de</strong> continuar<br />
tratando <strong>de</strong> suas idéias e proposições é necessário conhecer o hom<strong>em</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>,<br />
compreen<strong>de</strong>r sua posição na socieda<strong>de</strong> e evi<strong>de</strong>nciar o seu projeto <strong>de</strong> vida. “Há uma vida no<br />
fundo <strong>de</strong> toda idéia”, escreveu o próprio <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>, na lição aqui aproveitada: “para<br />
compreen<strong>de</strong>r<strong>de</strong>s melhor Kant, que vos posso aconselhar, senão o estudo <strong>de</strong> Kant, o<br />
hom<strong>em</strong>, <strong>de</strong>pois do estudo <strong>de</strong> Kant, o livro?” 27<br />
1.2. PEDRO CALMON EM CONTEXTO<br />
Des<strong>de</strong> a adolescência <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> sonhava <strong>em</strong> ser um autor famoso. Muitos<br />
foram os anos <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação à escrita, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que apren<strong>de</strong>u a datilografar <strong>em</strong> uma<br />
24<br />
GAZETA DE NOTÍCIAS (RJ), 02 ago 1923.<br />
25<br />
Ibid.<br />
26<br />
O retrato <strong>de</strong> batalhas militares <strong>em</strong> <strong>de</strong>fesa da construção nacional valeria a <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>, anos <strong>de</strong>pois,<br />
gran<strong>de</strong> aproximação com o exército brasileiro. Hoje ele é patrono civil da Acad<strong>em</strong>ia <strong>de</strong> História Militar<br />
Terrestre, e dá seu nome ao teatro do Quartel-General do Exército Brasileiro <strong>em</strong> Brasília/DF.<br />
27 a<br />
CALMON, <strong>Pedro</strong>. História da Bahia. Resumo didático. 2 . ed. São Paulo: Cia. Melhoramentos, ca. 1929.<br />
26