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Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

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<strong>de</strong>scrição, “o que <strong>de</strong> melhor havia na Cida<strong>de</strong>, fosse <strong>em</strong> dinheiro, sangue ou posição” 35 .<br />

Também, através das <strong>de</strong>scrições dos maneirismos <strong>de</strong> época, tentou mostrar uma vida <strong>de</strong><br />

requinte europeu na província baiana, <strong>em</strong> dia tanto com os t<strong>em</strong>as da etiqueta quanto com<br />

os t<strong>em</strong>as políticos da Corte, on<strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre atuavam uns e outros ministros filhos da terra.<br />

Observando as motivações políticas do autor, a escolha pelo t<strong>em</strong>a <strong>de</strong> escravos<br />

rebel<strong>de</strong>s, que <strong>em</strong> uma primeira vista pareceu inusitada, explica-se pelo ponto <strong>de</strong> vista<br />

adotado pelo autor. <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> observou a luta africana através <strong>de</strong> luxuosos salões 36 .<br />

Em 1835, entre brancos e negros, senhores e escravos, levaram a melhor as elites<br />

dirigentes, sufocando o movimento, imprimindo penas e alterando o cotidiano dos escravos<br />

com rigorosas medidas repressivas. Foi este o <strong>de</strong>staque que o autor quis apresentar:<br />

106<br />

As autorida<strong>de</strong>s da província [...] surpreen<strong>de</strong>ram os insurretos no primeiro ímpeto, antes do<br />

fogo ateado, e lograram, após sangrentos encontros que encheram <strong>de</strong> ruídos trágicos aquela<br />

triste madrugada, <strong>de</strong>sbaratá-los, [...] aniquilá-los. O que não fez a baioneta, o tribunal,<br />

inexorável, completou. Implicados na conspiração e comparsas do movimento, que não<br />

caíram baleados ou apunhalados nos combates <strong>de</strong> Água <strong>de</strong> Meninos, do Guadalupe, do<br />

Pilar, expiraram, sob os açoites, no tronco que a justiça levantou. [Malês, p.152, grifos<br />

meus]<br />

Desta forma, apesar <strong>de</strong> retratar a insurreição escrava levantada pelos negros, <strong>Pedro</strong><br />

<strong>Calmon</strong> <strong>de</strong>staca o fracasso que lhes fora imposto por ele no enredo – ou melhor, pelas<br />

“autorida<strong>de</strong>s da província”:<br />

Quebrada a violência do golpe <strong>de</strong> encontro aos muros do edifício, recuaram, com as fileiras<br />

<strong>de</strong>vastadas, e <strong>em</strong> tropel, mal-feridos, sangrando pelas ruas que o tiroteio alvorotára,<br />

<strong>de</strong>sandaram pelo Pilar abaixo, como boqueirão g<strong>em</strong>endo entre os costões <strong>de</strong> sobrados e<br />

trapiches. [Malês, p.95]<br />

O duro <strong>em</strong>bate – “sangrentos encontros” – resultou no completo insucesso do<br />

levante. Deixou “as fileiras [dos rebel<strong>de</strong>s] <strong>de</strong>vastadas”, com muito <strong>de</strong>les feridos ou mortos,<br />

e gerou prisioneiros, severamente castigados “no tronco que a justiça levantou” <strong>em</strong> nome<br />

da ord<strong>em</strong> estabelecida.<br />

35 Malês, p.7.<br />

36 THOMPSON, E. P. “Patrícios e Plebeus”. In: Costumes <strong>em</strong> Comum. São Paulo: Cia das Letras. 2002. p.<br />

25-85.

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