15.05.2013 Views

Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Primeiro, se afirma <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seu clã, e <strong>de</strong>pois nos círculos da intelectualida<strong>de</strong> nacional.<br />

Desta forma, o estudo dos discursos racialistas expressos <strong>em</strong> suas publicações torna-se<br />

valioso na compreensão das idéias partilhadas pelas elites letradas a respeito do negro e sua<br />

posição na socieda<strong>de</strong> brasileira. Afinal, <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> não era um m<strong>em</strong>bro inato das elites,<br />

repetindo as idéias que lhes eram próprias. Ele era um <strong>em</strong>ergente social, e para conseguir<br />

completar a sua escalada e fixar-se no topo, soube alinhar as suas palavras aos i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong><br />

nação <strong>de</strong>stes grupos. As impressões sobre o negro, as imagens construídas da escravidão e<br />

da cultura africana, fragmentadas nos artigos e evi<strong>de</strong>nciadas nas obras HCB e Malês, são o<br />

resultado da incorporação que faz <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> <strong>de</strong>ssas aspirações. Ele não discursava a<br />

partir das elites, e sim para elas, dizendo exatamente o que gostariam <strong>de</strong> ouvir, <strong>de</strong>senhando<br />

exatamente a História do Brasil que <strong>de</strong>sejavam compor.<br />

Para garantir o sucesso <strong>de</strong> suas versões da História, <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> fez uso das<br />

palavras, que tão b<strong>em</strong> soube manipular. Conhecedor das artimanhas das narrativas<br />

ficcionais, soube dizer e calar on<strong>de</strong> lhe valia o efeito, conduzindo o pensamento <strong>de</strong> seus<br />

leitores ao feitio <strong>de</strong> suas construções. Assim, a formação do caráter nacional foi <strong>de</strong>scrita<br />

como quis o historiador, através <strong>de</strong> termos frouxos e conceitos vagos. O indivíduo e a<br />

socieda<strong>de</strong> eram “médios”, a “confusão étnica” era “aparente”, a influência africana na<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> brasileira reduziu-se a “lendas e crenças”, a unida<strong>de</strong> nacional existia <strong>de</strong> forma<br />

“virtual”, e o Brasil exibia uma civilização verda<strong>de</strong>iramente “homogênea” – e tudo isso<br />

conquanto a realida<strong>de</strong> e a História apontass<strong>em</strong> <strong>em</strong> outras direções. A escrita arisca,<br />

ten<strong>de</strong>nciosa e manipuladora <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> marcou o tom <strong>de</strong> um <strong>de</strong>bate travado<br />

naqueles anos entre o autor e o jurista Barbosa Lima Sobrinho, acerca das d<strong>em</strong>arcações <strong>de</strong><br />

fronteiras entre Bahia e Pernambuco, <strong>em</strong> 1931:<br />

1<strong>33</strong><br />

O raciocínio do Sr. <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> <strong>de</strong>ve ter alguma sutiliza que me escapa<br />

inteiramente. (...) O Sr. <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>, todavia, não ofereceu documentos que<br />

comprovass<strong>em</strong> a afirmativa. (...) O raciocínio, como se vê, continua a ser arbitrário. (...)<br />

Tudo porque o Sr. <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> não estudou a correspondência a que se refere. (...)

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!